A campanha eleitoral no Brasil segue a tendência mundial em que as redes sociais jogam um papel importantíssimo. Cientes disso, mulheres brasileiras criaram um grupo no Facebook a que deram o nome de Mulheres Unidas Contra Bolsonaro onde faziam campanha contra o candidato presidencial da extrema-direita por entender que com este na presidência a situação do país, e das mulheres em particular, irá piorar.
Em pouco tempo o grupo conseguiu reunir 2,4 milhões de mulheres e seguia aumentando a sua popularidade até que, na quinta-feira (13), hackers invadiram o grupo e expulsaram as administradoras.
Ainda antes de sequestrar o grupo os invasores chegaram a estipular um prazo para que esse fosse extinto. Os atacantes então expuseram informações pessoais de uma das administradoras, cuja conta do Facebook hackearam, e ameaçaram a outra de que o mesmo lhe aconteceria se não eliminassem o grupo.
Através do perfil hackeado de uma das administradoras do grupo os hackers postaram ofensas aos membros do grupo: “Esquerdistas de merda” foi um dos insultos dirigidos às mulheres do grupo que, entretanto, é aberto a mulheres de diferentes posicionamentos políticos, e não apenas da esquerda.
Também o nome do grupo foi aletrado para Mulheres Com Bolsonaro e vários homens foram adicionados ao grupo, com alguns a comemorar a acção dos hackers: “hackers desse meu Brasil! Amo vocês! O grupo Mulheres contra Bolsonaro, agora se chama, Mulheres COM Bolsonaro”, festejou um dos homens integrados ao grupo.
O site Catraca Livre, que reportou o incidente, contactou a administração do Facebook que informou estar a tomar providências contra os hackers que invadiram o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” tendo prometido restabelecer a página.
“O grupo foi temporariamente removido após detectarmos atividade suspeita. Estamos trabalhando para esclarecer o que aconteceu e restaurar o grupo às administradoras”.
Estas, entretanto, criaram um novo grupo. Mulheres Contra Bolsonaro (reserva) está desde ontem a tentar recuperar os membros ao mesmo tempo que continua a sua acção de campanha contra Jair Bolsonaro sempre acompanhando os posts das hashtags #eleNão e #eleNunca.
“Num universo de 147,3 milhões de eleitores, nós somos 52,5%. Somos a maior frente de resistência contra a candidatura que expressa claramente as propostas e ações contra mulheres, índios, negros, homossexuais, contra as liberdades democráticas, a Educação e Saúde Públicas, os direitos trabalhistas, a demarcação de terras indígenas e quilombolas e, pior, se autoproclamam homens de bem e profissionais da violência, só pra dar alguns poucos exemplos”, escreve uma das administradoras no novo grupo que em poucas horas chegou aos 35 mil membros, esperando-se que em alguns dias recupere os 2 milhões de mulheres que já tinha.
Contudo, as moderadoras do grupo esclarecem que as discussões “devem ocorrer de forma respeitosa, e não são permitidos discursos de ódio, questionários sobre intenção de votos e a exposição de publicações feitas dentro da comunidade”. Além disso, não é aceita propaganda para nenhum candidato.