Trump referia-se às quatro democratas recém-eleitas para a Câmara dos Representantes – Alexandria Ocasio-Cortez, eleita pelo Estado de Nova Iorque, Ilhan Omar (Minnesota), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Rashida Tlaib (Michigan) – que são as suas críticas mais fortes e apoiam a sua destituição.
O único senador republicano negro, Tim Scott, eleito pela Carolina do Sul, considerou os comentários de Trump “ataques pessoais inaceitáveis” e a linguagem usada “racialmente ofensiva”.
A senadora Susan Collins, republicana eleita pelo Maine, que enfrenta uma reeleição difícil em 2020, considerou os comentários do Presidente “no limite”. Acrescentou que, apesar de discordar “fortemente” com muitas das opiniões dos membros democratas de “extrema-esquerda” da Câmara dos Representantes, defende a remoção das mensagens que Trump divulgou, através da rede social Twitter.
Outra senadora republicana, Lisa Murkowski, do Alasca, afirmou: “Não há desculpa para os comentários rancorosos do Presidente. São absolutamente inaceitáveis e isto precisa de parar”.
Mas estas críticas são provenientes de congressistas, não dos líderes do Partido Republicano, o mesmo de Trump.
O líder da minoria republicana da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, e da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, ainda não fizeram qualquer comentário.
Já são várias as vezes que os republicanos no Congresso se recusam a confrontar Trump, mais receosos de uma disputa com o Presidente norte-americano do que dispostos a defenderem o que são consideradas normas da retórica política.
“Devemos preocuparmo-nos algo mais com a marca republicana”, afirmou Jeff Flake, um ex-senador eleito pelo Arizona e frequente crítico de Trump, durante uma entrevista com a AP.
John Kasich, um ex-governador do Estado do Ohio e que disputou a nomeação presidencial pelos republicanos com Trump, disse: “Todos nós, republicanos incluídos, precisamos de nos expressar contra este género de comentários, que só nos dividem e criam uma animosidade profunda – talvez até ódio”.
No domingo de manhã, Trump distribuiu uma mensagem na rede social Twitter em que afirmou: “As congressistas democratas progressistas’” deveriam “regressar” os seus países “destruídos e infestados de crime” de onde vieram.
Três das congressistas nasceram nos Estados Unidos da América e uma quarta, Omar, é uma refugiada da Somália.
Na segunda-feira, enquanto a Casa Branca procurava relativizar os textos de Trump, este insistiu na sua posição e que deveriam ser as quatro congressistas a pedir desculpa pelas suas “acções horríveis e chocantes!”.
O congressista Will Hurd, eleito pelo Texas e um dos poucos republicanos afro-americanos, considerou as mensagens de Trump como “racistas e xenófobas”.
Em declarações à televisão CNN, disse que “é um comportamento impróprio do Presidente dos EUA”.
Também o senador republicano Pat Toomey emitiu um comunicado em que afirmou que “o Presidente Trump está errado ao sugerir que as quatro congressistas de esquerda devem regressar para onde vieram”, acrescentando: “Têm uma cidadania tão válida quanto a minha”.
No Estado do Michigan, duas congressistas republicanas que trabalharam com Tlaib criticaram Trump.
O representante Fred Upton, que está a cumprir o 17.º mandato, declarou a um animador de uma rádio no Estado do Montana que os comentários de Trump eram “realmente despropositados” e “muito, muito decepcionantes”.
Outro eleito republicano na Câmara dos Representantes, pelo Michigan, Paul Mitchell, cujo Estado apoiou fortemente Trump em 2016, escreveu, no Twitter: “Precisamos de comentários melhores do que estes. Eu partilho as frustrações políticas com alguns membros do outro partido. Estes comentários são indignos”.