A pesquisa foi realizada por 20 sindicatos, correspondentes a 57% dos afiliados da FAJ na África.
A FAJ informou nesta segunda-feira, através de um comunicado, que os sindicatos apontam, em particular, medidas de quarentena que impediram os jornalistas de fazer seu trabalho por não entenderem a realidade da profissão.
Como exemplo a mesma fonte cita que o FESYTRAC do Congo Brazzaville disse que "a COVID-19 teve um impacto negativo no sector de media, pois liberdades fundamentais, direito ao trabalho, livre circulação de pessoas e bens foram restringidos pelo estado de emergência sanitária, toque de recolher e confinamento da população ".
O relatório mostra que os governos trataram os jornalistas como cidadãos comuns, “sem reconhecer suas necessidades profissionais”.
“Na Somália, por exemplo, o NUSOJ teve de construir uma campanha completa para convencer o Governo Federal da Somália a considerar os jornalistas como trabalhadores-chave. Da mesma forma, no Marrocos, o SNPM organizou uma forte acção de lobby em favor dos relatórios de interesse público sobre o coronavírus”, lê-se.
Segundo a FAJ, os entrevistados condenaram a inércia dos governos no apoio aos trabalhadores da media. Mais de 50% disseram que seu governo não havia empreendido nenhum esforço específico para aliviar o impacto físico do vírus nos locais de trabalho da media.
75% dos entrevistados da FAJ, disseram que as diretrizes dos governos sobre distanciamento social resultaram em uma grande revisão das condições físicas de trabalho dos jornalistas, desde a redução da presença física de jornalistas nas redacções, até o aumento do teletrabalho, a mudança de ferramentas para a realização de entrevistas e o uso de equipamento de protecção.
“O Sudão do Sul foi o único país em que o sindicato de jornalistas, UJOSS, sustentou que o governo não seguiu as regras e ordens da OMS sobre a COVID-19 e que seu único conselho aos cidadãos era cuidar de si mesmos sem medidas de quarentena apropriadas, resultando em falta de consciência da pandemia”, refere.
Assim, a FAJ noticia que apenas 20% dos governos abordaram especificamente a crise da media. Na Costa do Marfim, as autoridades anunciaram um fundo de apoio cujos detalhes permanecem desconhecidos.
No Senegal, prossegue, o governo dobrou a ajuda à imprensa de 700 milhões de francos CFA para 1,4 bilhão e anunciou um Fundo Especial para apoiar as empresas e o sector de media. No Togo, o governo aumentou em 50% a ajuda à imprensa de 100 francos CFA para 150 milhões, destinada a 180 órgãos da imprensa, oito estações de televisão e 56 estações de rádio.
O relatório alerta que os jornalistas não se beneficiaram dessa ajuda, excepto em Moçambique e Angola, onde os decretos executivos garantem que jornalistas e trabalhadores da media não percam seus empregos.
De acordo com a mesma fonte, uma ampla gama de editoras e agências de notícias de grande e médio porte começaram a implementar planos de economia de custos que consistem em licença remunerada e não remunerada para um número significativo de funcionários e salários reduzidos para outros.
Em quase todos os países, jornalistas freelancers foram deixados de fora de todas as negociações e planos, diz o relatório.