Segundo o secretário-geral da Organização do Tratando do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, a instituição também exigiu uma “investigação internacional urgente” ao que considerou ser um “sequestro estatal” do aparelho da companhia aérea Ryanair que fazia a ligação entre Atenas e Vílnius.
“A aterragem forçada de um avião comercial foi perigosa e inaceitável”, sublinhou Stoltenberg, que falava aos jornalistas antes de o Conselho do Atlântico Norte, o órgão máximo de tomada de decisões da Aliança, se reunir para abordar o assunto.
Stoltenberg, que surgiu perante a imprensa acompanhado pela primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, considerou que o desvio do avião comercial constituiu um “sequestro estatal” realizado pelas autoridades bielorrussas.
“[Tal demonstra] como o regime de Minsk ataca os direitos democráticos mais básicos” e mina a liberdade de expressão e a dos órgãos de comunicação social independentes, sublinhou o secretário-geral da Aliança Atlântica.
Os 30 aliados decidiram acrescentar a questão do desvio do avião comercial na agenda da sessão ordinária de ontem.
Stoltenberg também exortou o regime de Alexander Lukashenko a libertar “imediatamente” Protasevich e a sua namorada, Sofia Sapega, uma estudante russa da Universidade Humanitária Europeia em Vílnius, que foi também presa.
Protasevich, 26 anos, é um colaborador próximo da líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaia, que também deixou a Bielorrússia para se instalar na Lituânia.
Tikhanovskaia denunciou esta terça-feira que o jornalista está a ser “submetido a tortura”, enquanto a ONU afirmou que teme pela segurança de Protasevich depois de ter surgido na televisão bielorrussa em que eram visíveis ferimentos na cara.
Tal como já fizera domingo na rede social Twitter, Stoltenberg insistiu na realização de uma “investigação internacional urgente” ao caso.
Por seu lado, a Bielorrússia convidou hoje os reguladores internacionais de aviação civil, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos a investigar o incidente.
Segundo as autoridades de Minsk, foi o piloto do Boeing 737-800, da companhia aérea Ryanair que “tomou a decisão de aterrar” no aeroporto da capital da Bielorrússia “sem qualquer pressão da parte bielorrussa”.
Segundo um comunicado do Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes da Bielorrússia, as autoridades locais indicaram terem convidado representantes da Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA), da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI) e também da Organização Internacional de Transporte Aéreo (IATA)
A Bielorrússia insiste que, no domingo, o aeroporto de Minsk recebeu um ‘e-mail’ com uma ameaça de bomba assinada pelo movimento palestiniano Hamas, o que foi negado já hoje pelo próprio grupo islâmico.
Lukashenko, considerado o último ditador da Europa e apoiado pela Rússia, mantém um braço de ferro com a comunidade internacional desde que foi reeleito presidente do país, em agosto de 2020, nas eleições consideradas fraudulentas interna e externamente e que desencadearam ondas de protestos populares, duramente reprimidas pelas autoridades.
A NATO, entretanto, rejeitou já a afirmação de Lukashenko relacionada com a ideia de a Aliança Atlântica estar a posicionar militares junto às fronteiras do país – Ucrânia (sul), Polónia (oeste), Letónia e Lituânia (ambas a norte) - a Rússia ocupa a fronteira a leste.