"Neste momento, não vemos nenhum perigo para além do das comunidades afetadas e estamos a trabalhar para manter esse risco baixo", disse Ahmed Ogwell, director interino daquele centro (África CDC, na sigla em inglês), numa conferência de imprensa para falar deste surto e também das infeções por Mpox (ou varíola dos macacos).
"Temos um surto [de febre hemorrágica causada pelo vírus de Marburg] que está numa comunidade perto de duas fronteiras, com os Camarões e o Gabão. Mas isso não deve semear o pânico, porque estamos a trabalhar de perto para garantir que não se espalhe", sublinhou.
O surto foi detectado na província de Kié-Ntem, no oeste da região continental da Guiné Equatorial, que confirmou na segunda-feira a morte até então de nove pessoas devido à doença, e depois disso não foram detectados novos contágios, segundo informação avançada na quarta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
As autoridades da Guiné Equatorial mantêm agora 21 pessoas "isoladas", enquanto laboratórios naquele país e o organismo de saúde pública de África analisam os testes recolhidos.
Entre as medidas que foram tomadas, Ogwell destacou a limitação dos movimentos, uma campanha de sensibilização e o destacamento de pessoal de saúde para as pessoas que apresentam os sintomas desta doença "testadas serem tratadas".
Da mesma forma, o África CDC está a cooperar "de perto" com os Camarões e o Gabão "para evitar a propagação" do surto, países onde a OMS garantiu que no momento, não há nenhum caso confirmado, estando a colaborar com o Ministério da Saúde camaronês para "investigar um alerta naquele país".
"Temos muita experiência com febres hemorrágicas e queremos garantir que vamos acabar com este surto o mais rápido possível", acrescentou Ogwell.
A doença de Marburg é uma febre hemorrágica viral altamente infeciosa, da mesma família e tão mortal como a doença do vírus Ébola, mais conhecida.
No passado, foram detectados surtos e casos esporádicos desta doença noutros países africanos, como Angola, Gana, Guiné-Conacri, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda e estima-se que tenha matado mais de 3.500 pessoas em África.
Os morcegos-da-fruta são os hospedeiros naturais deste vírus, que quando transmitido aos seres humanos pode ser espalhado através do contacto direto com fluidos como sangue, saliva, vómito ou urina.
Sobre o Mpox, o responsável do África CDC anunciou esperar que as vacinas cheguem finalmente ao continente "dentro de duas semanas, no máximo" depois de meses à espera de doses disponíveis.
As vacinas irão primeiro para países com necessidade aguda e mais casos, detalhou Ahmed Ogwell, sabendo-se que o Congo e a Nigéria tiveram o maior número de infeções por Mpox.
Em Julho, a OMS designou o Mpox como uma emergência global devido a surtos na Europa e na América do Norte e apelou ao mundo para que apoiasse os países africanos, mas nenhum país rico partilhou vacinas ou tratamentos com o continente africano, mesmo quando os casos noutras regiões diminuíram.
No início de Dezembro, o África CDC disse que o continente iria receber o seu primeiro lote de 50.000 vacinas Mpox através de uma doação da Coreia do Sul, que seria usado primeiro para profissionais de saúde e pessoas que vivem nas áreas mais atingidas.
O Mpox é uma doença rara causada por infeção com um vírus da mesma família que causa varíola, endémica em partes de África, onde as pessoas foram infetadas através de picadas de roedores e outros pequenos animais.
Desde 2000, África reportou cerca de 1.000 a 2.000 casos suspeitos de Mpox todos os anos, mas o número subiu para mais de 3.000 no ano passado.