Segundo a análise do centro de investigação sobre conflitos, as guerras em Gaza, no Sudão e na Ucrânia, entre outras em todo o mundo, significam que "os esforços diplomáticos para acabar com os combates estão a falhar" e que os líderes "estão a perseguir os seus objectivos militarmente".
Sobre o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que começou em 07 de Outubro com um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em solo israelita, este organismo detalhou, na sua análise, que "os esforços de pacificação enfraqueceram há anos e os líderes mundiais desviaram o olhar".
"Vários governos árabes fecharam acordos mediados pelos EUA com Israel que, na sua maioria, ignoraram a situação dos palestinianos", atirou.
Para o ICG, é "difícil imaginar uma saída", lembrando que o custo da guerra até agora "já foi muito elevado" e que é imperativa uma nova trégua.
Apesar dos analistas do ICG considerarem que nem os EUA e Israel procuram um confronto regional, ou seja, alargado ao restante Médio Oriente, estes alertaram para um "ponto de conflito" perigoso, na fronteira entre Israel e o Líbano, onde as forças israelitas intensificaram confrontos com o movimento xiita Hezbollah.
"Os ataques de grupos apoiados pelo Irão às forças dos EUA na Síria e no Iraque aumentam as tensões, tal como os ataques dos rebeldes houthis do Iémen aos navios no mar Vermelho", alertaram ainda.
A guerra na Ucrânia, na sequência da invasão russa em Fevereiro de 2022, está actualmente estagnada, com poucas alterações na linha da frente, mas o Crisis Group refere que, por agora, "pouco sugere" que as negociações possam resultar no fim do conflito.
"As aparentes exigências da Rússia -- rendição, território e um governo mais flexível em Kiev -- são compreensivelmente rejeitadas pela Ucrânia. Entretanto, os debates ocidentais levantam receios de que o apoio a Kiev esteja a vacilar", frisou.
Este organismo chamou também a atenção para os "riscos elevados" de uma vitória da Rússia na Ucrânia: "a sua propensão para a agressão conduzirá a uma Europa e a uma Eurásia inseguras nos próximos anos".
Para o ICG, a incerteza sobre os Estados Unidos, que tem eleições presidenciais em 2024, também contribui para a incerteza global.
"Uma votação potencialmente 'divisiva' em 2024 e o possível regresso do antigo Presidente dos EUA Donald Trump, cujo gosto por homens fortes e desdém pelos aliados tradicionais já abala grande parte da Europa e da Ásia, tornam o ano especialmente difícil pela frente", frisou também este organismo.
Apesar do recente encontro, considerado positivo pelos analistas, entre o Presidente dos EUA Joe Biden e o homólogo chinês Xi Jinping, em Novembro, os "interesses das grandes potências colidem na Ásia-Pacífico".
O ICG lembrou as eleições em Taiwan e as tensões no mar da China Meridional, podem levar a tensão EUA-China "ao auge".
"A rivalidade não dá sinais de diminuir, com os falcões de ambos os lados a falarem de competição (...) e até a falarem, de uma forma normalizadora, de guerra", sublinharam.
Com a diplomacia a fazer o seu trabalho, o ICG alertou ainda que o maior perigo por agora é a colisão de aviões ou navios chineses e norte-americanos, lembrando que o Pentágono tem vindo a alertar para o aumento dos riscos nos últimos dois anos.
Para este organismo, é improvável que os líderes mundiais, devido às suas divisões, reconheçam os riscos actuais ou se unam para pedir que não se mudam fronteiras "pela força".
Outros conflitos destacados pelo International Crisis Group para 2024 são o Sudão, Myanmar (antiga Birmânia), Etiópia, Sahel, Haiti e Arménia-Azerbaijão.