"É um percurso difícil, sem dúvida, mas isso não altera em nada a minha convicção e a minha determinação", declarou Ursula von der Leyen, falando em conferência de imprensa na sede da instituição, em Bruxelas.
Depois de ter enviado, no final de Julho, uma missiva aos países da União Europeia (UE) a pedir dois nomes para comissários europeus (de um homem e de uma mulher), de forma a alcançar igualdade de género, a responsável comentou: "Se eu não tivesse enviado esta carta, o que teria acontecido com as propostas [...] era que, para além da Alta Representante e de mim, os nomes propostos pelos outros 25 Estados-membros seriam quatro mulheres e 21 homens".
Apesar de o pedido relativo à paridade não ter sido totalmente respeitado pelos Estados-membros, Von der Leyen reforçou que, se não o tivesse feito, "não teria havido uma chamada de atenção para abordar o tema da diversidade" de género.
"Ao longo de toda a minha vida política, tenho lutado para que as mulheres tenham acesso a posições de decisão e de liderança e a minha experiência diz-me que quem não o pede, não o obtém, não é algo que surja naturalmente", sublinhou.
Ainda assim, garantiu que, nas entrevistas que está a realizar aos nomes propostos para comissários europeus, vai olhar primeiro para a competência, bem como para o equilíbrio em termos geográficos e partidários.
Ursula von der Leyen está então agora a formar a sua equipa para o próximo mandato das instituições europeias, de 2024 a 2029, depois de todos os países terem apresentado os seus candidatos. Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que segundo fontes europeias já foi entrevistada pela líder do executivo comunitário.
A proposta de equipa será apresentada a 11 de Setembro.
De momento, 10 dos 28 nomes apresentados (a Bulgária propôs um homem e uma mulher e a Roménia mudou de candidato para uma candidata) são femininos, após o pedido para o equilíbrio de género pedido por Von der Leyen, mas a lista ainda não está fechada pois tem de ter aval do Parlamento Europeu.
Previsto está que, entre Setembro e Outubro, se realizem audições públicas no Parlamento Europeu aos nomes propostos para novos comissários europeus, cabendo à assembleia europeia dar o aval final em plenário para, mais tarde, a nova Comissão Europeia tomar posse.
Se todos os nomes propostos tivessem 'luz verde' imediata do Parlamento Europeu, o novo colégio de comissários poderia tomar posse já a 01 de Novembro, mas com uma rejeição esse prazo já passaria para 01 de Dezembro, dado o tempo necessário para o país em causa propor um novo nome e esse candidato ser entrevistado por Ursula von der Leyen e ouvido em audição na assembleia europeia.
No que toca à sua equipa executiva, a presidente da Comissão Europeia é responsável pela escolha e pela atribuição das diferentes pastas tendo em conta a dimensão geográfica do país, as competências dos candidatos e as suas preferências, após nomeações feitas pelos países.
Ursula von der Leyen foi reeleita, em Julho passado, presidente da Comissão Europeia por mais cinco anos.
A política alemã de centro-direita é presidente da Comissão desde Dezembro de 2019, sendo a primeira mulher no cargo, e foi a candidata cabeça de lista do Partido Popular Europeu nas eleições europeias de Junho.