O apelo é feito no âmbito do “Relatório sobre o Estado da África-Europa 2025”, no qual se exortam africanos e europeus a avançarem juntos “como uma força estabilizadora e uma artéria cultural e económica aberta”, num momento de “crescente isolacionismo e de um sistema multilateral tenso”.
No relatório alerta-se que “África continua a perder quase 90 mil milhões de dólares por ano devido a fluxos financeiros ilícitos, enquanto sectores críticos continuam a sofrer de subfinanciamento”. Razão pela qual a fundação sustenta que o caminho euro-africano passa pelo pleno aproveitamento de instrumentos, “tais como os fundos soberanos e os fundos de pensões, que detêm mais de 330 mil milhões de dólares em activos e representam a maior fonte de capital investível em África”.
No mesmo documento divulgado esta semana, a fundação destaca que a “recente cooperação entre a UA e a UE e a liderança conjunta no Pacto para o Futuro, no Acordo sobre a Pandemia e na Governança Oceânica oferecem lições valiosas”.
Por isso “insta ambas as partes a irem além dos ciclos de ajuda a curto prazo e a construírem um quadro a longo prazo para a copropriedade e coinvestimento, onde o capital público e privado se combinam para causar impacto em grande escala”, até porque, contextualiza, “África e Europa representam 1,8 mil milhões de cidadãos e quase 30% dos Estados-membros da ONU, um peso colectivo capaz de moldar as agendas globais, mas a sua cooperação financeira continua subaproveitada”.
No relatório defende-se que a parceria na saúde registou “progressos alcançados nas parcerias de produção de vacinas”, através do investimento na investigação e qualificação de recursos humanos.
No documento identificam-se estes aspetos como vitais para se “criar valor duradouro e prevenir futuras pandemias” e sublinha-se que “a mesma lógica se aplica às parcerias energéticas e industriais”.
Afinal, “África recebe menos de 3% do investimento global em energias renováveis, apesar de deter mais de 60 % do melhor potencial solar do mundo”. E uma “infraestrutura partilhada pode acelerar a industrialização de África, ao mesmo tempo que apoia a transição climática e a diversificação energética da Europa”, conclui-se.
No comunicado da fundação, o diretor executivo da Fundação África-Europa, Paul Walton, deixa um recado aos líderes que se encontram esta segunda e terça-feira em Luanda para a Cimeira UE-UA: “Se África e a Europa querem ter importância juntas, devem (…) dar um passo em frente neste momento decisivo de mudança geopolítica” e garantir “ganhos reais”.
Já o co-fundador da Fundação África-Europa e presidente da Fundação Mo Ibrahim, Mo Ibrahim, sustenta que o “relatório fornece um plano operacional para um novo pacto financeiro que vai decisivamente além da ajuda, rumo à cocriação, partilha de riscos, criação de valor e troca de recursos”.
Pelo menos 18 chefes de Estado e de Governo europeus estão confirmados na cimeira, que será copresidida pelo presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, e pelo Presidente angolano, João Lourenço. Angola assume actualmente a presidência em exercício da União Africana.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, são os representantes lusófonos confirmados.
Pela União Africana estão confirmados 29 chefes de Estado e de Governo ou seus representantes.
A União Europeia é constituída por 27 países, incluindo Portugal. A União Africana é composta por 55 nações, incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
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