O Primeiro-ministro, José Maria Neves, encontrou-se na manhã desta quarta-feira com as direcções dos partidos com assentos parlamentares, designadamente PAICV, MpD e UCID, com o objectivo de discutir o actual cenário da crise na zona Euro e as repercussões em Cabo Verde, a fim de se obter subsídios para medidas de prevenção que o governo pretende implementar para fazer face à crise.
O secretário-geral do PAICV, Armindo Maurício, o primeiro a ser recebido, defendeu que o Governo deve continuar na senda dos orçamentos anteriores, de manter os níveis dos equilíbrios macroeconómicos e ponderação das despesas.
Questionado sobre o não cumprimento de algumas promessas de campanha eleitoral, que o seu partido fez, nomeadamente a atribuição do 13º mês, o secretário disse que a actual conjuntura internacional é difícil e, por esta razão, não devem ser tomadas medidas que possam pôr em causa o futuro do país.
"Não se pode exigir que Cabo Verde tome determinadas medidas só para cumprir certos compromissos assumidos num dado momento", assegurou.
De acordo com o presidente do Movimento para a Democracia, Carlos Veiga, a reunião não foi tão frutífera como se esperava porque o seu partido ainda não dispõe de todas as informações que necessita para se posicionar.
"A reunião esteve para não acontecer, uma vez que eu só fui avisado ontem à noite. Conversamos, mas iremos ter uma outra reunião mais intensa e profunda para tratarmos desses problemas ainda antes da aprovação do Orçamento do Estado", informou, para garantir que o seu partido precisa ter mais informações, nomeadamente sobre a divida do país, o nível da reserva e as restrições orçamentais.
Carlos Veiga assegurou que o governo apresentou algumas medidas que considera ser "insuficientes", uma vez que não resolvem os problemas, continuando o país com um deficit bastante elevado e com uma divida já a atingir os 80 por cento do PIB.
Contudo, o líder da oposição fez saber que o MpD irá discutir as soluções para a crise, apresentando propostas.
Já António Monteiro, líder da UCID, considerou que a questão da crise que vem desde 2008 deveria chamar a atenção do governo para não criar muita expectativa junto dos funcionários, para que depois essas expectativas não se tornassem em situações menos boas para o país.
"Não houve essa preocupação, sobretudo na altura das campanhas em que houve promessas, que neste momento o país não esta em condições de cumprir", lamenta.
Monteiro considerou ainda que o governo informou que não irá haver aumento salarial, mas que no entanto irá haver a implementação do PCCS que irá possibilitar aos funcionários da administração pública terem um salário melhor.
Em relação ao Orçamento do Estado, Monteiro assegurou que a UCID vai dar um benefício de dúvida ao governo, ou seja que vai abster-se.
No final dos encontros, o Primeiro-ministro José Maria Neves, também falou à comunicação social, considerando que há uma postura muito construtiva para que o país possa continuar a fazer face a crise com sucesso.
"A crise começou em 2007 e temos falado das medidas que o país teria que tomar para fazer face a essa mesma crise. Reduzimos impostos para 25 e 15 por cento, isentamos os cereais do IVA, aumentamos as pensões sociais, renegociamos a dívida do sector imobiliário e desenvolvemos um amplo programa de investimentos públicos para compensar a crise no sector imobiliário", informou Neves, para anunciar que essas medidas ajudaram a debelar a crise em Cabo Verde.
"Até agora, Cabo Verde tem resistido de forma consistente à crise internacional. Estou de acordo com o governador do Banco de Cabo Verde quando diz que o país não está em crise, mas temos de tomar medidas preventivas para que esta agudização da crise internacional não crie problemas mais graves a nível do país", concluiu.