“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura”
– Aristóteles.
Futurismo
Só o mundo laranja, o mundo da energia pode determinar o sucesso de uma economia pequena, baseada na especialização, na criatividade e na inovação. Num mundo azul, o futuro do planeta passa pelo boom da tecnologia, a responsabilidade social, as mudanças demográficas e um clima sustentável. O mundo verde será determinado pelos consumidores e o sucesso das empresas será caracterizado pelas credenciais sócio-ambientais.
O Sec. XXI
A felicidade passa a ser um direito do homem. Ser feliz é ser saudável. Mas cada ser humano tem o direito de escolher a estrada da sua felicidade. E a felicidade do homem será o fruto das suas escolhas. Uma via em busca da felicidade pode ser a música. A música é universal, transcende as barreiras das línguas, culturas, derruba governos e pode ter a força de um vulcão. A Cesária Évora comunicou com povos e culturas deste mundo apenas com a sua música e o seu crioulo. No fim dos espectáculos todos saiam satisfeitos do ritmo, da emoção, da comoção e da leveza espiritual. Quando o Cabo Verde Show subiu no palco dos CVMA, ninguém resistiu. Euforicamente o público levantou para ouvir o brilho da música electrónica que encanta todas as gerações. Do mundo chegou a Lura com a sua elegância e voz possante para com o Luís Represas comunicar na mesma língua. É louvável a vontade do Luís em usar o nosso dialecto. A Lura deixou-se ver, foi notável o seu charme. Beijo de sodade que mora no Tejo, tem o seu auge de elegância quando o pequenino e simpático Tito Paris se curva perante a sua Marisa e abrem as lavadas do Tejo carregado de beijos. É esperado que um dia a Mayra Andrade cantará para a sua cidade que carinhosamente estima. E apenas o Denis abre os braços e salta a dançar no “Soft Selfie” chegando-se a pensar que esta electrocutado de música e o mundo vai acabar, nunca visto… são todos momentos felizes da nossa vida. Por isso o que aqui se diz pode parecer uma loucura, mas sinto-me no direito de o repetir: a economia da felicidade é uma economia que traz o bem-estar social e espiritual.
O Futurismo
Uma das riquezas do nosso país está no mar e na sua diáspora. Ela é incomensurável desde que paremos com os afundamentos e com a erosão das espécies em distinção e a pesca ilegal, um drama para o futuro. O afundamento do ISECMAR fica na história de um povo que não sabe o que tem pela frente ou finge não saber, rumo a um populismo exacerbado. A pobreza das nossas ilhas esta na nossa democracia, somos demasiados pequenos para estar no estado que estamos, 31º segundo a Economy Intelligence Unit. Brevemente completaremos quarenta anos da nossa independência.
Em termos populacionais somos um bairro em qualquer pais acima dos 10 milhões de habitantes. Uma democracia não pode funcionar apenas com o direito de voto condicionado e um regime de condicionamento do emprego e do valor do cidadão. O perigo mora neste assentamento. Toda a liberdade começa com o direito à educação e à liberdade económica. Conquistando a liberdade económica as outras variáveis sociais tendem a se ajustarem. E o empoderamento de uma sociedade civil consciente e intelectualmente honesta reforça a democracia e constrói valores fortes e de transparência. A cultura onde temos um potencial enorme de crescimento está a perder terreno. Já estivemos melhor, temos a Cidade Velha e tivemos uma Diva carregando as ilhas nas costas e mostrando ao mundo quem somos e aonde podemos chegar. Quando a Diva cansou, desistiu e submergiu nos braços auspiciosos do Monte Cara. A nossa inteligência está no seu descovamento e projectando-lhe no brilho da luz solar. Mais uma vez falhamos nas políticas mas continuamos na auto-estrada. Falhar numa saída não significa falhar no rumo. O.importante é saber para onde vamos e quantos kilomentros precisamos percorrer no momento em que o barril de petróleo bateu o seu pico de desvalorização, com reflexos positivos na economia.
O pensamento estratégico
Prometi não escrever nenhuma palavra sobre o Carnaval do Mindelo 2015, apenas como sinal de protesto. Em 2011 fiz um ensaio económico sobre a economia do Carnaval e coisas interessantes foram descobertas e publicadas o que merece um estudo mais aprofundado dos vários players e por várias razões. Bati nas portas de várias instituições de ensino superior, terreno fértil para esse tipo de estudos, mas infelizmente o trabalho não foi continuado. Precisa-se. A procura das viagens excedem as ofertas e ninguém tem a sensibilidade de enquadrar essa oportunidade saudável para a companhia nacional e da ilha. As razões para sustentar a insensibilidade são várias e carregadas de irracionalidade económica. Infelizmente estamos todos distraídos com a economia e felizmente temos os nossos pais que nos sustentam os vícios – a comunidade internacional. Para um bom filho há sempre uma prenda especial. Mas batendo nesta tecla seria injusto não relatar a verdade.
O Carnaval do Mindelo é sem margem de dúvida uma das melhores indústrias do país. Um verdadeiro Cluster do Carnaval, na plena assunção da palavra. É sonhada com o pensamento imaginativo e inovador dos líderes, guiada pelo motor da arte cada vez mais enlouquecedora, movida pelo som de uma música cada vez mais criativa. A cidade respira economia e o povo mergulha-se na felicidade que o caracteriza. Todos movidos por uma motivação inexplicável, uma eficiência laboral jamais vista e uma meta bem definida para que tudo seja colocado no terreno na Terça-Feira às 14:00. Antes e depois fica a marca do Samba Tropical, dos Mandingas e de todas as instituições de ensino da ilha do Monte Cara transformando o mês de Fevereiro num autêntico Tsunami de cultura, turismo, empreendedorismo, economia, saúde, educação, inovação e felicidade. Não creio que uma “Marca” dessas seja difícil de projectar. Afinal “do Monte Cara vê-se o mundo”.
Em suma, na esfera política podemos concluir que a nossa democracia não esta em boa forma. Num mundo em constante mudança, onde países, comunidades e empresas têm que adaptar permanentemente para se manter actualizados, a democracia parece lenta, burocrática e fraca. E neste sentido estão a falhar os seus cidadãos. Se acreditamos realmente na democracia, está na altura de a melhorarmos. Muitos sistemas parecem disfuncionais. No fórum económico, parece-nos que as finanças públicas precisam de mais rigor e transparência, o Parlamento deve ter um papel mais activo na fiscalização e no controle da execução do OGE, o Tribunal de Contas precisa ganhar a sua autonomia e as empresas públicas devem serem resgatas “do quintal da Belinha” e deve-se responsabilizar mais a figura do Gestor Público.
Em geral, as maiores economias do mundo tendem a localizar-se em lugares onde há muita gente. Os Estados Unidos e a China embatem-se para assegurar o lugar no pole position. O segredo da beleza do pequeno é ser diferente e ser especial. Já nascemos especiais; as nossas ilhas são fruto de explosões vulcânicas em constante transformação podendo um dia até ser em transformadas numa plataforma continental da dimensão de um grande país! As nossas gentes são fruto de uma felicidade horizontal das mais complexas do planeta. Dance e ame porque a felicidade, o amor e a filantropia podem mudar o mundo. It’s time.