Terrer: A beleza de ser pequeno

PorJoão Chantre,1 abr 2015 0:00

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“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura”

– Aristóteles.

 

 

Futurismo

Só o mundo laranja, o mundo da energia pode determinar o sucesso de uma economia pe­quena, baseada na especializa­ção, na criatividade e na inova­ção. Num mundo azul, o futuro do planeta passa pelo boom da tecnologia, a responsabilidade social, as mudanças demográ­ficas e um clima sustentável. O mundo verde será determinado pelos consumidores e o sucesso das empresas será caracteri­zado pelas credenciais sócio­-ambientais.

O Sec. XXI

A felicidade passa a ser um direito do homem. Ser feliz é ser saudável. Mas cada ser hu­mano tem o direito de escolher a estrada da sua felicidade. E a felicidade do homem será o fruto das suas escolhas. Uma via em busca da felicidade pode ser a música. A música é uni­versal, transcende as barreiras das línguas, culturas, derruba governos e pode ter a força de um vulcão. A Cesária Évora co­municou com povos e culturas deste mundo apenas com a sua música e o seu crioulo. No fim dos espectáculos todos saiam satisfeitos do ritmo, da emoção, da comoção e da leveza espiritu­al. Quando o Cabo Verde Show subiu no palco dos CVMA, nin­guém resistiu. Euforicamente o público levantou para ouvir o brilho da música electrónica que encanta todas as gerações. Do mundo chegou a Lura com a sua elegância e voz possante para com o Luís Represas co­municar na mesma língua. É louvável a vontade do Luís em usar o nosso dialecto. A Lura deixou-se ver, foi notável o seu charme. Beijo de sodade que mora no Tejo, tem o seu auge de elegância quando o pequenino e simpático Tito Paris se curva perante a sua Marisa e abrem as lavadas do Tejo carregado de beijos. É esperado que um dia a Mayra Andrade cantará para a sua cidade que carinhosamente estima. E apenas o Denis abre os braços e salta a dançar no “Soft Selfie” chegando-se a pensar que esta electrocutado de músi­ca e o mundo vai acabar, nunca visto… são todos momentos felizes da nossa vida. Por isso o que aqui se diz pode parecer uma loucura, mas sinto-me no direito de o repetir: a economia da felicidade é uma economia que traz o bem-estar social e espiritual.

 

O Futurismo

Uma das riquezas do nosso país está no mar e na sua di­áspora. Ela é incomensurável desde que paremos com os afun­damentos e com a erosão das espécies em distinção e a pesca ilegal, um drama para o futuro. O afundamento do ISECMAR fica na história de um povo que não sabe o que tem pela frente ou finge não saber, rumo a um populismo exacerbado. A pobre­za das nossas ilhas esta na nossa democracia, somos demasiados pequenos para estar no estado que estamos, 31º segundo a Eco­nomy Intelligence Unit. Breve­mente completaremos quarenta anos da nossa independência.

Em termos populacionais somos um bairro em qualquer pais acima dos 10 milhões de habitantes. Uma democracia não pode funcionar apenas com o direito de voto condicionado e um regime de condicionamen­to do emprego e do valor do cidadão. O perigo mora neste assentamento. Toda a liber­dade começa com o direito à educação e à liberdade econó­mica. Conquistando a liberdade económica as outras variáveis sociais tendem a se ajustarem. E o empoderamento de uma sociedade civil consciente e in­telectualmente honesta reforça a democracia e constrói valores fortes e de transparência. A cul­tura onde temos um potencial enorme de crescimento está a perder terreno. Já estivemos melhor, temos a Cidade Velha e tivemos uma Diva carregando as ilhas nas costas e mostrando ao mundo quem somos e aonde podemos chegar. Quando a Diva cansou, desistiu e submergiu nos braços auspiciosos do Mon­te Cara. A nossa inteligência está no seu descovamento e projectando-lhe no brilho da luz solar. Mais uma vez falhamos nas políticas mas continuamos na auto-estrada. Falhar numa saída não significa falhar no rumo. O.importante é saber para onde vamos e quantos ki­lomentros precisamos percorrer no momento em que o barril de petróleo bateu o seu pico de desvalorização, com reflexos positivos na economia.

 

O pensamento estratégico

Prometi não escrever nenhu­ma palavra sobre o Carnaval do Mindelo 2015, apenas como sinal de protesto. Em 2011 fiz um ensaio económico sobre a economia do Carnaval e coisas interessantes foram descober­tas e publicadas o que merece um estudo mais aprofundado dos vários players e por várias razões. Bati nas portas de várias instituições de ensino superior, terreno fértil para esse tipo de estudos, mas infelizmente o trabalho não foi continua­do. Precisa-se. A procura das viagens excedem as ofertas e ninguém tem a sensibilidade de enquadrar essa oportunidade saudável para a companhia na­cional e da ilha. As razões para sustentar a insensibilidade são várias e carregadas de irraciona­lidade económica. Infelizmente estamos todos distraídos com a economia e felizmente temos os nossos pais que nos sustentam os vícios – a comunidade inter­nacional. Para um bom filho há sempre uma prenda especial. Mas batendo nesta tecla seria injusto não relatar a verdade.

O Carnaval do Mindelo é sem margem de dúvida uma das melhores indústrias do país. Um verdadeiro Cluster do Carnaval, na plena assunção da palavra. É sonhada com o pensamento imaginativo e ino­vador dos líderes, guiada pelo motor da arte cada vez mais enlouquecedora, movida pelo som de uma música cada vez mais criativa. A cidade respira economia e o povo mergulha-se na felicidade que o caracteriza. Todos movidos por uma motiva­ção inexplicável, uma eficiência laboral jamais vista e uma meta bem definida para que tudo seja colocado no terreno na Terça­-Feira às 14:00. Antes e depois fica a marca do Samba Tropical, dos Mandingas e de todas as instituições de ensino da ilha do Monte Cara transformando o mês de Fevereiro num autêntico Tsunami de cultura, turismo, empreendedorismo, economia, saúde, educação, inovação e felicidade. Não creio que uma “Marca” dessas seja difícil de projectar. Afinal “do Monte Cara vê-se o mundo”.

Em suma, na esfera política podemos concluir que a nossa democracia não esta em boa forma. Num mundo em cons­tante mudança, onde países, comunidades e empresas têm que adaptar permanentemente para se manter actualizados, a democracia parece lenta, buro­crática e fraca. E neste sentido estão a falhar os seus cidadãos. Se acreditamos realmente na democracia, está na altura de a melhorarmos. Muitos sistemas parecem disfuncionais. No fó­rum económico, parece-nos que as finanças públicas precisam de mais rigor e transparência, o Parlamento deve ter um papel mais activo na fiscalização e no controle da execução do OGE, o Tribunal de Contas precisa ganhar a sua autonomia e as empresas públicas devem serem resgatas “do quintal da Belinha” e deve-se responsabilizar mais a figura do Gestor Público.

Em geral, as maiores eco­nomias do mundo tendem a localizar-se em lugares onde há muita gente. Os Estados Unidos e a China embatem-se para assegurar o lugar no pole position. O segredo da beleza do pequeno é ser diferente e ser especial. Já nascemos especiais; as nossas ilhas são fruto de ex­plosões vulcânicas em constante transformação podendo um dia até ser em transformadas numa plataforma continental da di­mensão de um grande país! As nossas gentes são fruto de uma felicidade horizontal das mais complexas do planeta. Dance e ame porque a felicidade, o amor e a filantropia podem mudar o mundo. It’s time.

 

 

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Autoria:João Chantre,1 abr 2015 0:00

Editado porAndré Amaral  em  7 abr 2015 9:45

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