UCS & a onda da Vitória

PorJoão Chantre,6 abr 2016 6:00

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Fogo foi expressivo, Santo Antão foi resgatado, S. Vicente foi estrategicamente isolado há 15 anos.

It´s time!

As eleições de 20 de Março de 2016 fecham mais um ciclo da vida política do país. Um país com 556 anos de História, 41 anos de independência, 15 anos de um regime de partido único e 25 anos de democracia. No arquipélago, apenas a ilha do Fogo ainda não tinha experimentado a onda da mudança e os ventos da liberdade, por isso a vitória na ilha do Vulcão foi expressiva. Bastaram 41 votos para fazer a diferença. O seu protagonista, JN (Jorge Nogueira) tem razões para ser um homem feliz. Não se pode contrariar a vontade do povo. Ficou provado que até as leais gentes da ilha do Vulcão, fiéis à sua marca, o partido da Estrela Negra, optaram pela mudança. A ingratidão e descaso do dossiê Chã das Caldeiras teve um custo elevado para o partido tambarina, ditou uma derrota nas urnas. Desta vez optaram por uma nova patente, UCS. Mais a Norte, a energia e a motivação do JS & Team (Jorge Santos), resgataram uma ilha que esteve nas mãos do adversário pela política do assistencialismo e condicionamento. JS tem razões suficientes para descansar a sua garganta, pois, enquanto discursava, as montanhas tremiam de Esperança e Felicidade. Tão alto, tão forte, tão convicto que hipnotizou-se o adversário. E enquanto isto, disparávamos para as restantes ilhas e para o mundo a euforia do povo santantonense e as imagens e as mensagens de UCS e JS. O mundo viu e reagiu…

 

USC, uma marca construída a partir da Capital

Mas o grande vencedor das eleições do dia 20 de Março é UCS, uma marca construída a partir da capital e exportada para todas as ilhas e para a diáspora. Uma patente cujas características encaixam no perfil do homem global num mundo globalizado em constante transformação. Que exige pensamento estratégico/liberal, sentido crítico, planeamento, serenidade, sensibilidade, confiança, “decisons making”, formação sólida, Mestre na Gestão complexa da maior Câmara do país, soluções criativas e inovadoras e aposta numa equipa tecnicamente forte, unida e coesa. “Que o poder não me suba à cabeça”, para a história fica essa tirada e os seus selfies.

 

As virtudes de uma Vitória

UCS inovou-se, apostou numa estratégia de Marketing feliz, num mundo globalizado onde as redes sociais foram o palco do desfile das mensagens, sobretudo se elas forem acertadas e assertivas como foram: A mensagem, UCS, nha partido ê Cabo Verde, é uma mensagem forte e cheia de luz. Apenas os Tubarões Azuis tinham conseguido essa façanha, de unir o país, no Cabo Verde pós-independência. A cientificidade e a monitorização de ferramentas modernas de marketing e dados estatísticos foram factores importantes nesta vitória.    

 

Os pontos fracos do Adversário

Um desgaste natural de 15 anos no poder, uma taxa de desemprego galopante, sobretudo na camada jovem, que se traduziu em voto útil a favor dos Ventoinhas, uma dívida pública elevada acima dos 120% do PIB onde a partir de agora estão criadas as condições de medir o FIB (Felicidade Interno Bruto), e uma classe empresarial asfixiada e descapitalizada, a priori, constituiu um terreno fértil para formar a primeira onda de mudança. Sob o ponto de vista do Marketing político, os tambarinas usaram uma estratégia de Marketing desajustada, uma mensagem infeliz, com acento tónico nos anos 90, quando a própria líder, com apenas 15 anos na altura, ainda não era ainda eleitora, invadiu as casas dos cabo-verdianos. Só que desta vez os eleitores indecisos totalizavam 54% do universo dos eleitores. Ademais, uma líder jurista suportada por 3 vices, supostamente engenheiros de formação, quando os grandes desafios do país passam pela arena económica e contacto com o mundo, a única via de financiamento da Economia no curto prazo. Tanto assim que a taxa de rejeição dos seus vices nos seus círculos eleitorais foi tão devastadora quanto as listas adversárias. Fica a lição.

 

Os ganhos da nossa Democracia

As eleições de 20 de Março de 2016 no arquipélago podem ser um exemplo, não um modelo, de democracia para o continente negro. Dotada de uma constituição moderna, a nossa novel democracia possui as mais modernas ferramentas democráticas que existem no planeta, cujo epicentro concentra-se nas eleições livres e transparentes, o que faz disparar a notoriedade do país e a credibilidade das ilhas junto da Comunidade Internacional. Com os ventos da mudança e com um Tribunal Constitucional em plenas funções esperemos que a estrada da democracia seja cada vez mais coesa e melhor encaminhada. Mas “the day after” dessas eleições é o mais crítico. O mundo está a mudar muito rapidamente, por isso é essencial modernizar os sistemas de governo. A burocracia e o impacto da falta de reformas teve um grande reflexo nas famílias e nas empresas. As pessoas precisam de melhores serviços, partem com expectativas muito altas com relação ao compromisso por Cabo Verde de UCS. Assim sendo, numa época de Orçamentos apertados, a curto prazo, a única saída será a via do IDE (Investimento Directo Estrangeiro) e uma forte aposta no mar e no turismo diversificado.

Em suma, num mundo em constante ebulição, a democracia parece lenta, burocrática e nesta óptica cabe aos cidadãos mudar o percurso do mesmo sem preconceitos e condicionalismos. Ficou provado que o jornalismo político terá que se adaptar aos novos tempos, hoje são as redes sociais quem faz a diferença. O  partido mais votado, o MPD sai das eleições com uma maioria absoluta e segue rumo ao parlamento com 40 deputados, contra 29 do PAICV e três da UCID. UCS já foi indigitado como o futuro novo Primeiro-ministro pelo Presidente da República depois de escutadas as outras forças políticas e promete um governo magro com o máximo de doze Ministros incluindo a figura do Primeiro-ministro. A abstenção rondou os 34%, uma taxa considerada moderada visto que nas democracias modernas situa-se acima dos 35%. Tudo indica que JHA como líder do Partido tambarina, comandará no Parlamento a sua equipa na legislatura que se avizinha, 2016-2021. Com essas eleições, a Democracia entrou na era digital e da cientificidade. “O povo é sempre soberano e o povo decidiu”. Rumo à felicidade…  

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 748 de 30 de Março de 2016.

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Autoria:João Chantre,6 abr 2016 6:00

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  7 abr 2016 15:07

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