Cabo Verde é um país rico e diversificado em flora e fauna com espécies tipicamente atlânticas, mas que necessita “conhecer melhor” o seu espaço, visando a manutenção da biodiversidade e a preservação de um ambiente de qualidade.
A afirmação é do ponto focal de convenção de biodiversidade no país, Sónia Araújo Lopes, numa declaração à Inforpress no âmbito do Dia Internacional da Diversidade Biológica. Uma data que visa reflectir sobre o tema na vida do planeta Terra com o propósito de aumentar o grau de consciencialização e conhecimentos acerca da biodiversidade.
Assinalada a 22 de Maio, a data é comemorada sob o tema “Água e a biodiversidade”, coincidindo com a designação do “Ano Internacional da Cooperação da Água-2013”pelas Nações Unidas, com o propósito de procurar soluções para os problemas da gestão da água incluídos no Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011/2020.
Cabo Verde, por fazer parte dos países que assinaram a Convenção de biodiversidade, tem, segundo Sónia Araújo, deveres a cumprir no sentido de melhorar e preservar a sua diversidade biológica.
Neste âmbito, o país conta com uma rede de área protegidas integrada por 47 sítios protegidos, de entre os quais 20 são sítios exclusivamente terrestres e 27 são sítios marinhos e costeiros, categorizadas em paisagens protegidas, reservas naturais, parque naturais, monumento naturais e reservas naturais integradas.
O arquipélago é constituído, também, por uma flora indígena formada por 224 espécies, das quais 85 são endémicas e as restantes são espécies espontâneas naturalizadas, enquanto a fauna indígena engloba espécie de recifes de corais, moluscos, artrópodes (insectos, crustáceos e aracnídeos), peixes, répteis e aves e, provavelmente, algumas espécies de mamíferos marinhos.
A biodiversidade marinha apesar de ser abundante abrigando 10 porcento (%) da diversidade mundial de gastrópode (molusco) marinho género Conus necessita, segundo o ponto focal, de maior conhecimento.
No que respeita ao endemismo, Santo Antão é a ilha mais rica (46 espécies), seguida de São Nicolau (44 espécies), Santiago (36 espécies), Fogo (35) e São Vicente (34). Santiago é a ilha que apresenta a maior taxa de endemismo a nível da fauna.
“Por este motivo, há que haver um grande interesse de preservação iniciando com projectos de educação ambiental nas escolas, na comunidade, e não só. Por isso, o projecto da direcção geral tem trabalhado com as comunidades de forma a serem os primeiros a beneficiarem desse gesto”, disse Sónia Araújo.
O lema que este ano retracta a água, base do bem-estar humano que garante a segurança alimentar, o líquido potável e o saneamento para a maioria das actividades económicas, deve conforme recomendações das Nações Unidas ocupar um lugar importante nos programas políticos.
“Vivemos num mundo cada vez mais inseguro no ponto de vista hídrico, em que as demandas da água é superior a sua oferta, a qualidade não atinge os requisitos mínimos, e cada vez mais existem mais fenómenos meteorológicos extremos de secas e inundações no mundo”, lê-se no documento das Nações Unidas sobre o tema.
Isso porque, sustenta a ONU, a água suporta os ecossistemas que são os responsáveis pela regulação e disponibilidade do produto, bem como sua qualidade, enquanto a diversidade biológica é a base dos benefícios e, por conseguinte, a que contribui com maior eficácia para o bem-estar humano e o desenvolvimento sustentável.
Assim, o objectivo do Ano Internacional é aumentar a consciencialização, tanto sobre o potencial de aumento de cooperação sobre os desafios da gestão da água, em função do aumento da demanda por acesso à água, de alocação e serviços.
A data é também uma oportunidade para debater sobre a dinâmica criada na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), e apoiar a formulação de novos objectivos que irão contribuir para o desenvolvimento dos recursos hídricos que são verdadeiramente sustentáveis
A efeméride que era assinalada a 29 Dezembro (data da entrada em vigor da Convenção da Diversidade Biológica), foi em Dezembro de 2000, numa Assembleia Geral das NU alterada para 22 de Maio, com a designação de “Dia Internacional da Biodiversidade”.
No país a data será marcada por palestras nas escolas, campanhas e passeatas visando a chamada de atenção do homem de que enquanto parte da biodiversidade deve estar engajado na sua manutenção e preservação.