A Sociedade Ultramarina de Conserva Lad. (SUCLA), no Tarrafal de São Nicolau, tem registado uma “redução drástica” na produção nos últimos anos devido à escassez de matéria-prima, disse esta terça-feira, o proprietário, Joaquim Spencer.
“No ano passado, a pesca foi deficitária e os rendimentos foram quase nulos. Este ano, já entramos nos finais de Maio e, até agora, só entrou na fábrica seis toneladas de peixes que já saíram e mais nada”, afirmou esse proprietário, que se mostra preocupado com a situação.
Segundo Joaquim Spencer, se as coisas continuarem assim, para o próximo ano, vai ter que tomar algumas medidas, nomeadamente, a redução do pessoal ou diminuição das horas de trabalho ou limitar os trabalhos, conforme a captura.
Esse proprietário afirma que a culpa não é da fábrica nem das condições das embarcações para capturas, mas sim, da própria matéria-prima que já escasseou. Segundo Spencer já lá vão cinco anos que não trabalham com o atum, propriamente dito, devido ao seu alto custo e a sua quantidade reduzida.
“Quando a matéria-prima sobe de preço, encarece o produto final, mas no caso de conservas, isso já não será possível porque vendemos uma lata de atum por aproximadamente 200 escudos e se subirmos o preço para compensar os custos (…) ficamos sem vender o produto final, que já vai ficar fora do alcance das donas de casa”, explicou.
A fábrica SUCLA labora com um efectivo de 20 funcionários e tem um grupo de trabalhadores eventuais que chegam a 200 quando a época de captura é boa. A matéria-prima é adquirida nos pescadores ou vem de uma embarcação que a fábrica dispõe cujo resultado da captura é dividido a 50 por cento com os tripulantes.
Joaquim Spencer indicou que, este ano, a unidade produziu apenas seis mil latas de atum, equivalente a seis toneladas de atum bruto, o que, no seu entender, não da para cobrir todas as despesas efectuadas. No ano passado, a produção foi de pouco mais de 200 toneladas de peixe.
“Precisamos de 1.500 toneladas de atum, anualmente, para manter o ritmo normal de trabalho. Nos últimos anos, não temos conseguido atingir essa meta. Dificilmente ultrapassamos os 600 mil e, este ano, parece mais difícil”, lamentou.
Mas como a época de captura de atum inicia já no mês de Maio e prolonga-se até Novembro, o proprietário da fábrica SUCLA mostra-se esperançoso de que as coisas possam melhorar.
Apesar dessas dificuldades, Joaquim Spencer afirma que a “Ultramarina” só deve aos sócios, que, há vários anos, não conseguem levantar os seus dividendos, uma politica implementada pelos próprios para não complicar a situação das famílias que dependem desse trabalho.