Os navios oriundos da costa ocidental africana, ou que tenham feito escala nas zonas afectadas pelo vírus ébola nos últimos 25 dias antes da chegada em Cabo Verde, foram proibidos de atracar no país, como medida de controlo ao vírus ébola.
Segundo a agência Lusa, o anúncio foi feito na última sexta-feira pela Agência Marítima e Portuária (AMP) cabo-verdiana e aplica-se a todos os portos do país, salvo nos dois maiores do país, nomeadamente o Porto Grande (Mindelo) e o Porto da Praia mediante autorização expressa das autoridades.
O impedimento citado pela Lusa, conforme o documento enviado às autoridades sanitárias, marítimas e portuárias, polícias, armadores e agência de navegação, aplica-se até aos navios em regime de emergência médica no arquipélago.
"Qualquer navio ou embarcação que durante o período de vigência da presente resolução incumprir com a mesma será objecto de contra-ordenação marítima e assumirá todos os custos de intervenção das diferentes autoridades, bem como de eventuais e específicas intervenções da autoridade sanitária nacional que se mostrarem necessárias”.
Também a Agência Marítima e Portuária reserva o direito de negar o acesso aos portos cabo-verdianos de todos os navios que desrespeitarem a medida, essa norma foi enviada à Enapor, Alfândega e entidades ligadas ao sector marítimo de Cabo Verde.
A ordem surge na sequência de uma resolução aprovada pelo Governo cabo-verdiano e que interdita a entrada em Cabo Verde a estrangeiros não residentes, que tenham estado nos últimos trinta dias em países afectados pela febre hemorrágica, independentemente da rota que efetuar.
Também o Governo suspendeu deslocações oficiais de responsáveis cabo-verdianos aos países afectados.
Um navio de pesca proveniente da Serra Leoa ficou retido 21 dias ao largo do Porto Grande, no Mindelo, até que fosse descartada a possibilidade da presença do vírus Ébola. Mas passado o período de quarentena, a embarcação foi liberada pelas autoridades sanitárias cabo-verdianas para realizar todas as suas operações no país.
Novo ponto de infecção na Nigéria
Um médico morreu devido ao vírus do ébola em Port Harcout, uma cidade petrolífera no Sul da Nigéria, junto da costa. O homem, que faleceu a 22 de Agosto, é o primeiro a ter a doença fora da cidade portuária de Lagos.
“Depois de a sua mulher ter anunciado a morte no dia seguinte (sábado), foi realizada uma investigação minuciosa e as análises de laboratório mostraram que este médico foi morto pelo vírus do ébola”, declarou nesta quinta-feira Onyebuchi Chukwu, ministro da Saúde nigeriano, em Abuja, capital da Nigéria, citado pela agência de notícia AFP.
Até 26 de Agosto, a Nigéria tinha 17 casos de ébola e seis mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O vírus espalhou-se para este país depois de Patrick Sawyer, um norte-americano nascido na Libéria, ter contraído o vírus neste país e ter viajado para Lagos, a 20 de Julho. Morreu cinco dias depois.
Até agora, a doença estava localizada só em Lagos, uma cidade portuária com 13 milhões de habitantes que fica a 600 quilómetros a oeste de Port Harcourt.
Segundo o Ministério de Saúde, o médico tratou um doente que tinha estado em contacto com Patrick Sawyer, avança a agência Reuters.
Port Harcourt é o coração da indústria petrolífera da Nigéria que, diariamente, produz dois milhões de barris de petróleo. A cidade tem 3,5 milhões de habitantes, muito dos quais trabalhadores vindos das maiores empresas petrolíferas internacionais.
A Nigéria foi o quarto país com o surto de ébola, depois da Guiné-Conacri, da Libéria e da Serra Leoa. Por ser o país mais populoso de África, com 170 milhões de pessoas, teme-se que a epidemia seja mais difícil de conter. No entanto, a OMS encarou a evolução do surto naquele país com um “optimismo cauteloso”, num comunicado de 19 de Agosto, ao contrário das situações na Libéria e Serra Leoa, que estão descontroladas.
“A viúva, que apresenta sintomas da doença, vai ser colocada sob quarentena e esperar pelos resultados”, acrescentou Onyebuchi Chukwu. “Várias outras pessoas estiveram em contacto (com o médico morto) estão agora sob vigilância.”
O homem que contactou Patrick Sawyer “escapou à vigilância” das autoridades sanitárias no final de Julho, foi a Port Harcourt e teve uma consulta com o médico, disse Onyebuchi Chukwu, explicando-se assim a génese deste novo caso. Depois, acabou por voltar a Lagos, onde se verificou que não apresentava sintomas. Passados 21 dias, considerou-se que estava recuperado. Mas o médico que o tratou acabou por contrair o vírus.
Não há tratamentos contra o ébola, cuja mortalidade pode chegar aos 90%. Até 26 de Agosto, já morreram 1552 das 3060 pessoas infectadas. O surto iniciou-se no Sul da Guiné-Conacri no final de 2013. A 8 de Agosto, a OMS considerou esta epidemia uma emergência internacional.