Os dados foram apresentados ontem, na cidade da Praia.
De fora da recolha ficaram os municípios do Tarrafal, São Miguel, São Lourenço e São Domingos, todos na ilha de Santiago, a maior e mais populosa de Cabo Verde.
Segundo a directora nacional da Inserção Social, Mónica Furtado já foi feito o levantamento em 16 municípios.
“Já cadastrámos cerca de 16 mil agregados familiares nessas localidades. A situação varia de ilha para ilha, mas o cadastro permitiu recolher informações ao nível da composição do agregado, do rendimento, da existência de pessoas com deficiência, do acesso a infra-estruturas como água, electricidade ou saneamento”, afirmou.
A responsável explicou que o processo continua e que a análise aos dados recolhidos "é ainda superficial" mas permite perceber realidades sociais diferentes de município para município e de ilha para ilha.
O cadastro arrancou no bairro de barracas da Boa Esperança, na ilha da Boavista, onde, segundo Mónica Furtado, as principais vulnerabilidades identificadas estão relacionadas com a habitação.
"Na Boavista, ao contrário do que se estava a pensar, que era uma população extremamente vulnerável, os dados mostram que a vulnerabilidade é a nível habitacional e de acesso a serviços como água, saneamento ou electricidade. Ao nível do rendimento e do emprego, a situação é muito boa em relação às outras localidades", exemplificou.
Por outro lado, prosseguiu, nas zonas de barracas de São Vicente "a situação da pobreza evidencia-se um pouco mais. Baixo rendimento, alta taxa de desemprego".
Na sequência do levantamento, será agora feita "uma análise aprofundada dos dados" e proposta a criação de um índice de vulnerabilidade que permitirá estruturar respostas mais direccionadas para cada população.
"Vai permitir identificar vulnerabilidades ao nível dos territórios, propor medidas que vão ao encontro dessas vulnerabilidades e principalmente ter registados os potenciais beneficiários dos programas sociais, não apenas do Ministério da Família, mas dos próprios municípios", assinalou.
Cabo Verde tem em curso programas como o Rendimento Social de Inserção, a isenção de propinas para pessoas com deficiência ou a tarifa social de água e electricidade, destinadas às famílias mais pobres.
Cabo Verde regista 179.909 pobres (35% da população) e 54.395 muito pobres (10,6% da população), segundo estatísticas oficiais de 2015.
A elaboração do cadastro social contou com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).