Três meses depois do misterioso desaparecimento da menina de dez anos de Eugénio Lima, Edvânea Gonçalves, as autoridades ainda não conseguiram localizá-la, enquanto os pais acalentam a esperança de encontrar a filha com vida.
Num curto espaço de tempo, contabilizaram-se cinco pessoas desaparecidas, cujo paradeiro ainda ´continua desconhecido. A 28 de Agosto, Edine Jandira Robalo Lopes Soares, 19 anos, deixou a sua casa alegando que ia levar o bebé para o controlo no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, Praia. Mãe e filho continuam desaparecidos. A 14 de Novembro Edvânea saiu de casa para fazer um recado da mãe, a menos de 100 metros da residência, e até agora não foi vista. Todos estes casos aconteceram em 2017.
O último caso de desaparecimento aconteceu no passado dia 3. Clarisse Mendes (Nina), de 9 anos, e Sandro Mendes (Filú), de 11, saíram de casa por volta das 17:00, em Achada Limpa, para irem comprar açúcar, em Água Funda, na Cidade da Praia, e não regressaram.
Em conferência de imprensa na Cidade da Praia, o director nacional da Polícia Judiciária, António Sousa, garantiu na última semana que prosseguem as investigações sobre o desaparecimento das cinco pessoas, sendo um adulto e quatro crianças.
O responsável da polícia científica cabo-verdiana admitiu a possibilidade de pedirem apoio internacional para a localização daquelas pessoas, mas entende que caberá à equipa criada pela Procuradoria Geral da República pronunciar-se sobre a necessidade ou não desse pedido.
O desaparecimento misterioso de pessoas na capital tem inquietado a sociedade civil.
Para o Cardeal Dom Arlindo Furtado, a situação é “muito preocupante, grave e chocante” e, segundo ele, há “qualquer coisa que está a acontecer que não dá para entender”.
Em declarações também à imprensa, o director nacional das Aldeias SOS de Cabo Verde, Dionísio Pereira, declarou-se “preocupado e indignado” com os casos de desaparecimento de crianças em Cabo Verde e defendeu o reforço dos mecanismos de controlo e de intervenção.
“Desde logo, nós temos de dar atenção ao que vem previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que prevê a criação de comités de protecção infantil em todos os municípios”, disse aos jornalistas.
Também em declarações à imprensa à margem de cerimónia de empossamento dos novos membros da Cruz Vermelha de Cabo Verde, o Presidente da República exprimiu a sua inquietude a esse respeito, tendo afirmado que a situação “exige resposta por parte das autoridades” e que, caso for necessário, devem solicitar apoio a nível exterior.
Apesar de ter lançado esse repto, Jorge Carlos Fonseca apelou, no entanto, à “serenidade” para que não haja situações de pânico.