Além deste projecto do Padre Ottavio Fasano, há o Hospital São Francisco de Assis, a Aldeia Turística Casas do Sol e o Auditório Padre Pio Gottin e lançou na semana passada a primeira pedra para a construção do Centro de Cuidados Paliativos, tudo na ilha do Fogo.
O Expresso das Ilhas foi conhecer a Vinha Maria Chaves onde está a plantação da vinha, que dentro de alguns meses vai começar a florescer. Seguiu-se a Adega Monte Barro onde é feita a transformação das uvas em vinho e o processo de engarrafamento e embalagem.
São dois projectos que nasceram para contribuir para o desenvolvimento da ilha do vulcão, que tem um solo muito fértil para a produção da uva. Existem muitas famílias que sobrevivem desses projectos, que pretendem ser, daqui a15 anos, uma grande referência nacional.
Visitamos a Adega numa época em que ainda as plantas estão a ser preparadas, por isso não nos foi possível ver como funciona todo o processo da colheita à produção do vinho e seu engarrafamento.
Segundo Padre Ottavio Fasano, este empreendimento da Vinha e da Adega foram sempre acompanhados de muitas dificuldades. “No início, com a ministra de Ambiente e Agricultura, Madalena Neves, que acompanhou, acreditou e facilitou muitas coisas e também com o ministro que veio a seguir”.
Um dos grandes constrangimentos desse projecto, conforme O Padre Capuchinho, é a deficiente distribuição da água na ilha que afecta não só a vinha mas todo o concelho.
“A ilha do Fogo tem água, o problema é da bombagem e da distribuição para todos e não somente para a agricultura, mas também para os animais. É necessário uma reflexão técnica muito forte”, afirmou, dizendo que o problema da água não é somente o problema das autoridades mas também dos responsáveis e da capacidade técnica dos responsáveis.
Para Padre Ottavio Fasano, é nas dificuldades que sempre encontrou um lado positivo. “Não é suficiente dizer com as palavras, vamos em frente, mas é necessário com tecnologia, que não é muito complicada, ter pessoas formadas e responsáveis em todas as zonas sul da ilha do Fogo, para se produzir correctamente”.
Por outro lado, explicou que a vinha é experimental. “A experiência da Vinha Maria Chaves, é uma experiência-piloto de como é possível a sociedade civil e politica desenvolver na ilha do Fogo a produção do vinho e não aquele que chega de fora e é vendido como vinho de Chã das Caldeiras, mas aquele que é produzido na ilha e que tem uma qualidade própria”, salientou o Padre Capuchinho.
Para resolver a questão da água, Padre Ottavio acredita que será necessário ter um acompanhamento técnica muito forte por parte do Governo, dos responsáveis e das câmaras municipais.
“Ouvi dizer que o Ministério da Agricultura vai avançar com a ideia da produção da fruticultura, mas produzir também fruticultura de forma moderna precisa de água”, verificou.
Os responsáveis das câmaras municipais do Fogo estiveram na Itália para conhecer a experiência daquele país nessa área.
Padre Ottavio Fasano espera que nos próximos anos a ilha do Fogo tenha técnicos desligados da política, “que acredita no desenvolvimento do país, através da produção da água para agricultura e criação dos animais e tudo resto por onde passa o desenvolvimento”.
Falta de água condiciona investimentos
A falta de água, conforme explicou, tem condicionado os projectos naquela ilha. Por isso, Padre Fasano afirma que a sobrevivência nessa área tem sido uma luta constante. “Temos feito propostas ao Ministério da Agricultura e já fizemos um grande trabalho com os técnicos como forma de garantia para se produzir água não só para a Vinha Maria Chaves, mas também para toda a zona sul da ilha”.
“Falta de água, é um sinal para o povo de Cabo Verde continuar a lutar, porque se queremos desenvolver esta terra é necessário colaborarmos com profissionais de vinicultura, mas também com o técnico que vai ajuda a desenvolver de maneira séria a distribuição desse bem precioso para todos”, frisou Padre Ottavio Fasano.
Para esse Padre Capuchinho, muitas pessoas estão a perder os seus investimentos por causa da falta da capacidade técnica. “É necessário colocar técnicos para favorecer o desenvolvimento”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 833 de 04 de Abril de 2018.