“Temos uma boa previsão, visto os números que temos registado este ano, em que tivemos cerca de 43 navios de cruzeiros [até ao momento] a abarcar os nossos portos, cerca de 44 mil passageiros de cruzeiros e temos uma previsão para 2023 de praticamente duplicar estes dois segmentos, tendo em conta 2022. Contamos receber acima de 200 navios de cruzeiros e acima de 120 mil passageiros de cruzeiros para 2023”, disse em entrevista à Lusa o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Administração dos Portos de Cabo Verde (Enapor), Irineu Camacho.
A Lusa noticiou anteriormente que as escalas de navios de cruzeiro nos portos nacionais aumentaram 360% em 2022, face ao ano anterior, traduzindo-se num movimento de quase 48.000 turistas num ano, segundo dados oficiais. De acordo com dados compilados a partir de um relatório anual sobre o movimento portuário, elaborado pela empresa Enapor, registaram-se 129 escalas de navios de cruzeiro de Janeiro a Dezembro de 2022.
Este movimento contrasta com apenas 28 escalas de navios de cruzeiro registadas em todo o ano de 2021 - período ainda condicionado pelas restrições às viagens internacionais devido à pandemia de covid-19 -, que movimentaram então 11.066 passageiros.
“Teve um impacto muito forte na economia local e este ano a Enapor possui boas previsões para o segmento do turismo de cruzeiros”, sublinhou Irineu Camacho.
O turismo representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e no segmento dos navios de cruzeiro traduz-se na forte na dinamização dos portos do país, segundo o administrador: “Estamos a falar de uma modalidade de turismo que envolve diferentes serviços como transporte, alojamento, alimentação e tudo isso está agrupado numa única estrutura, que para além de desenvolver o nosso mercado gera um maior consumo na cidade. E isso reflecte directa ou indirectamente no que é que é o trafego portuário”.
Da escala global, a ilha de São Vicente, onde está em construção o terminal de cruzeiros, a Enapor espera receber de 70 mil a 80 mil passageiros de navios de cruzeiros este ano, nas actuais condições, e alavancar ainda mais depois da conclusão da nova infraestrutura.
“Há dias a ilha albergou três navios de cruzeiros ao mesmo tempo, mas com o terminal de cruzeiros, pretendemos também ter maior capacidade, maior logística que permitem receber bem os navios de cruzeiros e os cruzeiristas que albergam os nossos portos”, sublinhou.
Em paralelo, neste momento, o porto da cidade da Praia é o que consegue equivaler à capacidade do Porto Grande, podendo também albergar até três navios de cruzeiros ao mesmo tempo.
O Porto Grande, em São Vicente, vai receber um novo terminal de cruzeiros, cuja obra arrancou em Janeiro de 2022, a cargo do consórcio luso-cabo-verdiano constituído pelas empresas Mota-Engil e Empreitel Figueiredo.
A obra foi adjudicada por 26.483.603 euros, cofinanciada pelo Fundo ORIO, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional, e tem um prazo estimado para conclusão de 22 meses.
O Governo prevê que seja possível captar anualmente 200.000 turistas de cruzeiros com esta infraestrutura.
“É uma infraestrutura que irá permitir albergar um maior número de navios de cruzeiros e ter melhores condições de receber os passageiros, mas o desafio não se resume somente à construção de infraestruturas. É preciso também saber o que iremos fazer com as infraestruturas e por isso a Enapor está a desenvolver um plano de desenvolvimento do destino que tem como um dos principais objectivos implementar um plano estratégico para desenvolver todo o território nacional”, garantiu Irineu Camacho.
Esse plano, acrescentou, visa também o crescimento específico do turismo de navios de cruzeiro nas “ilhas gémeas” de Santo Antão e São Vicente, e ajudar a promover os produtos e serviços turísticos para atender as necessidades e as expectativas deste segmento.
De acordo com Irineu Camacho, deverá haver uma melhor comunicação entre o mercado e os operadores turísticos, para poderem tirar maior proveito da grande demanda dos cruzeiros.
“Temos toda informação disponível nos nossos sites com as escalas, quando os navios chegam e quando partem e o número de passageiros e essa comunicação permite que os restaurantes e os hotéis possam receber estes cruzeiristas. Também enviamos e-mails aos operadores turísticos para que possam programar melhor as actividades, dentro das ilhas, além de outras informações nas nossas redes sociais com o intuito de termos melhores condições e infraestruturas para receber os cruzeiristas”, acrescentou Irineu Camacho.