Os resultados foram avançados hoje, pela presidente da Alta Autoridade para a Imigração, Carmem Furtado, na apresentação dos resultados definitivos do Iº Inquérito à População Estrangeira e Imigrante em Cabo Verde.
“No geral os resultados confirmam as tendências anteriores relativamente à proveniência dos imigrantes e estrangeiros em Cabo Verde, reforçando assim aquilo que eram os dados anteriores. A maior parte dos imigrantes vem da nossa sub-região, da África Ocidental, mas temos em seguida os europeus e só depois outros países africanos. Este dado é interessante porque os outros africanos, os imigrantes de fora da CEDEAO, estão em grupo minoritário que os europeus, aqui no país”..
Segundo esta responsável, os resultados mostram que em relação ao nível de escolaridade, anos médios de estudo, a população imigrante está equiparada à população nacional a nível dos anos médios de estudo, “se não um pouco superior”.
“Continuamos ainda com o sentimento de discriminação, está acima de 30%, ou seja 3 em cada 10 imigrantes já se sentiram discriminados, há um desejo muito grande de adquirir a nacionalidade cabo-verdiana e também em termos de perspectivas futuras o percentual é muito elevado relactivamente às pessoas que dizem que pretendem permanecer em Cabo Verde”, informou.
Relativamente ao mercado de trabalho, os resultados revelaram que a taxa de actividade dos imigrantes é superior à nacional, aproximadamente em 10 pontos percentuais acima daquilo que é a média da população cabo-verdiana.
Em relação à taxa de desemprego no seio da população imigrante estrangeira, os resultados expressam que é muito baixa, de 2%. O sentimento de integração continua muito elevado, acima dos 80%.
“Dizem se sentir bem e integrados em Cabo Verde, pese embora ainda permaneça o tal sentimento de discriminação”, salientou.
No que se refere às comunidades, a presidente da Alta Autoridade para a Imigração avançou que os migrantes que vêm da Guiné-Bissau continuam a ser os mais expressivos em termos de nacionalidade, seguido dos senegaleses, portugueses e chineses.
“Nos termos do estatuto de permanência legal, que é um dado muito interessante, o inquérito foi implementado, os dados foram colectados após a realização da regularização extraordinária, que foi feita no ano passado. O nível de permanência regular está em 71 a 72%, ainda com 20% dizendo que aguardavam na altura a resposta aos seus pedidos de regularização, o que diz que em termos de permanência regular, os dados são francamente positivos e nós queremos que estejam muito unidos ao período de regularização extraordinária”, acrescentou.
Esta responsável salientou ainda que no geral, os dados de acesso ao mercado de trabalho, são dados muito positivos que o inquérito traz.
“Há o desafio de divulgação das estatísticas administrativas, que é o grau de cobertura dos serviços em relação à população estrangeira e imigrante. O nível de segurança, o nível de acesso à segurança social, está acima de 50%. Quando vemos os dados em nível de acesso aos serviços, são dados positivos. Quando vemos o nível do sentimento de integração, são dados positivos. Mas são dados quantitativos. Há diferenças entre nacionalidades, há diferenças entre comunidades que vêm de diferentes continentes. Então é esse olhar, se calhar, um bocadinho mais focalizado em determinadas dimensões que precisam ser, efetivamente, ainda comprovadas”.
Por sua vez, o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, destacou que é um estudo para que se corrijam os caminhos e começar a trabalhar para a perfeição.
“Eu sei que é difícil e quase impossível em todas as instituições e em todas as sociedades, mas deve ser sempre a meta, o mote, para que possamos fazer cada dia mais e melhor para termos uma sociedade efectivamente inclusiva, desenvolvida e sustentável, com a contribuição de todos, mas também com a contribuição fundamental dos imigrantes”.
O relatório sobre a População Estrangeira e Imigrante em Cabo Verde, tem como objectivo contribuir para o conhecimento e aprofundamento do fenómeno da imigraçãono país, com a produção de estatísticas oficiais que permitam traçar um diagnóstico mais completo e actualizado dos estrangeiros e imigrantes.
A iniciativa é da Alta Autoridade para a Imigração (AAI) conjuntamente com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que realizaram em 2022 o Iº Inquérito à População Estrangeira e Imigrante – Iº IPEI, no âmbito Projecto Coop4Int – Strengthening Migrant Integration through cooperation between Portugal and Cabo Verde.
A iniciativa é alusiva à comemoração do Dia Internacional dos Migrantes, mundialmente assinalado a 18 de Dezembro, devido à adoção da Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1990.