António Monteiro foi ontem reeleito presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) durante o 17º congresso do partido que prossegue hoje, domingo, em Mindelo. Com a rejeição da lista encabeçada por Teodoro Monteiro, por não cumprir todos os requisitos dos estatutos do partido, Monteiro não teve oposição e reafirmou a sua liderança para os próximos 3 anos.
Dos cerca de 120 delegados ao congresso, oriundos de todas as ilhas e da emigração, 114 terão votado a favor de Monteiro, 6 abstiveram-se, 8 votaram contra e outros 2 em branco.
Na abertura do congresso onde o MpD e o PAICV fizeram-se representar no congresso da UCID pelos deputados João Gomes e João do Carmo, respectivamente, António Monteiro proferiu um discurso curto, de não mais que 15 minutos, todo ele a apelar para a concórdia, inclusivamente para o abandono do “partidarismo doentio” e a colocação do país “acima de qualquer querela política”.
António Monteiro iniciou sua intervenção a considera “grandioso” o seu partido, “fundado há quase 40 anos”, afirmar a seguir que organizar este congresso “não foi fácil”, foi preciso “muita luta e perder muitas horas de sono”, mas para concluir que, afinal, está a valer a pena.
“Este congresso, afirmou Monteiro, é a viragem política na vida da UCID”, um congresso que se realiza em meio a “muitas dificuldades financeiras”, que de resto “afligem a sociedade (cabo-verdiana) e as instituições” do país, tanto que, referiu, os delegados da emigração assumiram, eles mesmos, as despesas para virem à reunião magna do partido.
A UCID é “grandiosa”, mas este congresso, a marcar um “ponto de viragem”, tem a tarefa de fazer com que o partido tenha um “lugar de destaque na nossa democracia”, observou o presidente cessante, cuja intervenção foi a única a que os jornalistas assistiram.
Logo a seguir procedeu-se ao encerramento das portas do Auditório Onésimo Silveira, da Universidade do Mindelo, e só após a eleição do presidente a imprensa voltou a ter acesso ao congresso.
“Vejo a minha reeleição com naturalidade e tranquilidade. Infelizmente não houve concorrência, pois seria interessante um debate de ideias entre candidaturas”, disse o líder reeleito aos jornalistas.
Entretanto, o primeiro dia do congresso da UCID não decorreu sem incidentes. O histórico do partido Lídio Silva, abandonou o evento e anunciou a sua saída do partido. Segundo o Mindelinsite, o antigo líder da UCID e ex-líder da bancada parlamentar do mesmo considerou o congresso “uma farsa montada pela direcção-cessante” e prometeu juntamente com Teodoro Monteiro impugnar aquela sessão plenária.
António Monteiro, que antes se referia às disputas entre os partidos afirmando que “não vale a pena”, “colocar rótulos uns nos outros” e que nenhum governo, seja ele do PAICV, do MpD ou da UCID, poderá sozinho resolver todos os problemas do país, apontando para a necessidade de concórdia tem agora desavenças internas com que lidar.
Sobre a ameaça de impugnação do congresso o líder democrata-cristão terá avançado ao Mindelinsite que qualquer membro do partido delegado ao congresso pode fazê-lo desde que sustentados em “dados credíveis”.