Ulisses Correia e Silva falava à margem do Horasis Global Meeting, um evento que desde sábado junta em Cascais, Portugal, empresários, governantes e especialistas para discutir ideias sobre um futuro sustentável. O primeiro-ministro cabo-verdiano foi o convidado de um dos painéis deste evento, tendo partilhado com vários convidados aquilo que considera serem “razões para abraçar o futuro económico de Cabo Verde, com confiança”.
No final da sua participação no Horasis Global Meeting, Ulisses Correia e Silva falou sobre as recentes alterações legislativas que visam a livre circulação do escudo cabo-verdiano com o euro, em simultâneo: “Liberalizámos as operações cambiais para permitir uma maior liberdade de circulação de capitais. O que eliminámos foi barreiras administrativas para concretizar o que já hoje é uma realidade”.
O governante recordou que, hoje em dia, qualquer restaurante em Cabo Verde passa “uma factura com expressão do montante em escudo cabo-verdiano e euro”.
“A medida vai permitir que qualquer cabo-verdiano, ou não residente, possa abrir contas em moedas estrangeira e possa fazer transacções em moeda estrangeira, o que até agora não era possível”, afirmou. Segundo o chefe do governo, ao fazer esta medida para regularizar “uma realidade emergente”, o Executivo tenta “evitar depois que haja mercados paralelos a desenvolverem-se”.
Esta possibilidade, que resulta da aprovação de legislação na passada quinta-feira, que se tratou do “desenvolvimento de uma autorização legislativa que já tinha sido aprovada no parlamento”, vai entrar em vigor “nos próximos dias, assim que houver publicação”.
A prazo, prosseguiu o primeiro-ministro, a intenção do governo é “caminhar para a possibilidade” de uma dupla circulação: escudo cabo-verdiano e euro. “Fazermos com que a economia, que já tem uma forte ligação à zona euro, seja formalizada nesse sentido. São fases seguintes que vamos desenvolver seguramente”, acrescentou.
“Esta medida tem a ver também com a nossa opção estratégica de uma inserção mais forte do espaço da zona euro. Desde 1998 temos uma paridade fixa do escudo cabo-verdiano com o euro. Reduzimos os riscos cambiais. Temos a intenção de introduzir mecanismos que permitam que a circulação de pessoas do espaço europeu possa circular e entrar em Cabo Verde sem vistos. Estamos a retirar uma barreira à circulação”, adiantou.
Em relação aos capitais, a mesma coisa: “Um país pequeno como o nosso tem que ser necessariamente um país aberto, onde as operações possam ser feitas com segurança, mas também com facilidade”.