Especialistas alertam para perigo de descaracterização do Campo de Concentração do Tarrafal

PorExpresso das Ilhas,18 jan 2016 17:14

Especialistas nacionais alertam que as obras que estão a decorrer no antigo Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago, norte da ilha de Santiago, descaracterizam o património histórico do país. 

 

A denúncia foi feita à Rádio de Cabo Verde (RCV) pelo historiador e vereador da Câmara Municipal do Tarrafal José Soares e pelo arquitecto Luís Gomes, que suspeitam que os trabalhos em curso terão provocado do desabamento do edifício da antiga secretaria. 

"As obras trazem muito emprego e isso é bom para o Tarrafal, mas não têm nada ver com musealização ou restauração do ex-campo de concentração do Tarrafal. As obras - o parque estacionamento, o circuito, entre outras - nunca existiram", afirmou José Soares, autor do livro "O Campo de Concentração do Tarrafal (1936-1954): A origem do quotidiano". 

Enquanto José Soares disse que as obras descaracterizam o antigo campo de concentração do Tarrafal, Luís Gomes suspeita que os trabalhos terão originado o desabamento do edifício da antiga secretaria. 

"Tudo indica que a compactação de um cilindro de alta carga na via ao lado é que fez com que a estrutura caísse. O cilindro que foi compactado aqui não é o mais adequado para um edifício que é frágil", completou Luís Gomes, pedindo esclarecimento sobre obras que decorrem no antigo campo de concentração. 

O presidente da Câmara Municipal do Tarrafal, José Pedro Soares, que não se pronunciou sobre o desabamento do edifício da antiga secretaria, disse que as obras decorrem em estreita articulação com o Instituto de Investigação e Património Cultural (IIPC) cabo-verdiano. 

A polémica à volta do antigo campo de concentração de presos políticos acontece dois dias antes de ser inaugurado o museu, num acto que irá contar com a presença do primeiro-ministro português António Costa, que inicia terça-feira uma visita oficial de dois dias a Cabo Verde.

O antigo campo de concentração do Tarrafal, situado na localidade de Chão Bom, foi criado pelo regime colonial português em abril de 1936 sob o nome de "Colónia Penal do Tarrafal" e encerrou oficialmente em 1954, embora a maior parte dos então detidos tenha sido libertada em 1945, após o final da Segunda Grande Guerra. 

Em junho de 1961, o então ministro do Ultramar português, Adriano Moreira, ordenou a reabertura das instalações sob o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", desta feita para encarcerar resistentes à guerra colonial em Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, tendo a segunda fase durado 13 anos, até ao seu encerramento definitivo, a 01 de maio de 1974. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,18 jan 2016 17:14

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  19 jan 2016 8:52

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