Artesanato: «Pensamos que não precisamos de escola para formar o artesão. Isto é gravíssimo»

PorSara Almeida,17 jul 2016 6:00

 

Em Cabo Verde começam a surgir projectos interessantes no domínio do Artesanato, nomeadamente através da sua aliança com o design. Mas o artesanato é um sector económico que parece um pouco perdido, contaminado por conceitos de outras actividades e visto com pouca seriedade quanto à formação. É, aliás, a este um dos maiores handicaps que se apresenta no sector. O professor artesão Gustavo Duarte, director do espaço CRIE na Praia, Leão Lopes, professor universitário e reitor da Escola Internacional de Arte do Mindelo, falam sobre algumas iniciativas em curso e analisam a actual situação do Artesanato em Cabo Verde.

É um candeeiro. De linhas simples, contemporâneo, em que à base “clean” se junta um quebra-luz em forma de cilindro perfeito. Simples, mas muito rico. Graças à textura das duas matérias-primas que compõem as suas partes e aos saberes aqui aliados. Ao design contemporâneo juntou-se o saber de quem conhece estes materiais e os molda a seu bel-prazer. A ideia feita matéria pelas mãos de quem domina a técnica. Designers e artesãos. Cerâmica tradicional – o barro na base – e trabalho com palha – as palhinhas que fazem o quebra-luz.

O que vemos é uma maquete, para testar o produto. A segunda, pois a primeira foi chumbada, devido à forma como o quebra-luz encaixava na base. Tinha uns furos na cerâmica que “magoavam a peça”. O encaixe passou a ser feito de outra forma, no suporte da lâmpada.

A maquete é mostrada pelo artesão Gustavo Duarte, responsável, nesta peça, pela concretização do quebra-luz imaginado pelo designer. A cerâmica foi encomendada a outro artesão, oleiro. Trabalho conjunto, integrado. O resultado é uma peça que em breve poderá pertencer ao Catálogo do CRIE (Criando, Inovando e Empregando), um projecto que visa fomentar o artesanato criativo.

 

Artesanato e design

O CRIE - Criando, Inovando e Empregando: Cultura, artesanato e turismo, novas dinâmicas na economia criativa é um projecto do Atelier Mar (de São Vicente), financiado pela União Europeia com a parceria da UCCLA,  Câmara Municipal da Praia e Câmara Municipal de São Vicente.

Visa principalmente, conforme sublinhou Maria Estrela, representante do Atelier Mar (ONG fundada em 1979 por Leão Lopes), na apresentação do mesmo, em Fevereiro de 2014, desenvolver uma estratégia integrada de colaboração entre vários actores não estatais, que resulte em propostas inovadoras de produção de bens e serviços de artesanato contemporâneo, design e cultura. Abrange Praia (Santiago), São Vicente e Santo Antão.

Na Praia, a oficina de produção e exposição CRIE, funciona no Parque 5 de Julho, num espaço cedido pela CMP e foi inaugurada a 18 de Dezembro de 2015. O seu director é o professor artesão Gustavo Duarte que define CRIE como um projecto assente na preocupação de “termos artesanato de qualidade, de termos coisas novas, de termos pessoas a saberem criar. É por isso que aqui trabalhamos com a parceria de designers e arquitectos. Eles criam o objecto, nós, artesãos, executamos”. E essa aliança “está a enriquecer e vai enriquecer cada vez mais” o artesanato cabo-verdiano, defende.

A relação entre design e artesanato tem vindo a ser uma aposta em todo o mundo, resultando em objectos inovadores, que vão ao encontro aos novos modos de vida e novas semânticas do público. Criam-se assim nichos profícuos no mercado, abrindo espaço para que saberes e técnicas ancestrais persistam no tempo e se assumam economicamente.

Em Cabo Verde, contudo, apesar de iniciativas como o CRIE, esta relação está em fase “embrionária”. Até porque, como refere o designer e reitor da Mindelo _ Escola Internacional de Arte (M-EIA), Leão Lopes “só muito recentemente é que se começou a falar de design em Cabo Verde”.

Além disso, a apreensão do que é o design ainda está muito centralizada na vertente gráfica desta disciplina, esquecendo-se essa “dimensão tão interessante e tão alargada do design, num país em desenvolvimento”, que é o design de produto/design industrial.

“Mas pouco a pouco as coisas vão tomando rumo”, acredita Leão Lopes, citando algumas experiências, com a CRIE e o Centro cabo-verdiano de Artesanato e Design em São Vicente – “que também trabalha com artesãos (com produtores) as propostas de criação dos designers”.

Além da falta de uma cultura de design de equipamento, há ainda um outro grande obstáculo a essa potencialmente profícua aliança entre design e artesanato. É que grande parte dos artesãos consideram que não precisam do trabalho do designer.

Há uma certa confusão. Mas com o tempo, na óptica de Leão Lopes, perceberão que o “papel do designer é de um parceiro criativo, que não necessariamente vai interferir na produção. Vai até ao protótipo, até ao estudo de viabilidade, muitas vezes de mercado. E abre mercado, porque o seu papel essencial é criar, inovar”.

Abre, pois, como refere, um espaço no mercado contemporâneo que esses produtores não têm.

“Os artesãos profissionais, qualificados, já têm o seu mercado, mas se há inovação, se há criatividade, este mercado começa a alargar, começa a expandir. Aí, vai enriquecer toda a área económica do artesanato porque vai suscitar mais produtores, vai suscitar formação profissional, etc.”, explicita.

 

O estado da ‘arte’

Novos horizontes abrem-se então com a aliança entre diferentes actores do processo de criação e produção. Mas sobre que panorama actual estão essas potencialidades? Dito de outro modo, de uma forma geral: afinal, qual é a situação presente do artesanato cabo-verdiano?

Gustavo Duarte, professor artesão, leva já 45 anos nesta área, 13 dos quais como director do Centro de Artesanato da Praia. Especializou-se em Angola, onde chegou como professor. Depois foi também director da Escola de Artes e Ofícios de São Tomé e Príncipe, durante 5 anos. 

Ao olhar, hoje, o panorama do artesanato em Cabo Verde diz, “com muita pena” que “temos um retrocesso”.

“Não se compara com o que já tivemos. Tínhamos qualidade, agora temos quantidade, essencialmente. Há excepções, mas a nossa luta nesse momento é para que haja novamente essa qualidade desejada”, explica.

E começa a haver, de facto, uma maior exigência em termos de qualidade. Mas há ainda um longo caminho a percorrer.

Além disso, truncou-se a riqueza conceptual do artesanato. O artesanato passou a ser algo fora das necessidades do quotidiano, dos artefactos utilitários. Algo exótico. Restringiu-se um importante sector de produção a objectos de souvenir ou adorno, “muitas vezes sem qualidade, sem domínio tecnológico”.

 “Isto é estranho e é relativamente recente em Cabo Verde. O sector deixou de ser visto de uma forma abrangente, como sistema de produção artesanal que se contrapõe a uma produção em série, industrial, com uma lógica diferente, com recursos tecnológicos diferentes. Desaparecendo esse conceito alargado do artesanato, acabamos por empobrecer o nosso ponto de vista político, o nosso ponto de vista tecnológico, o nosso ponto de vista educativo da área”, considera Leão Lopes.

Essa nova, pobre e redutora visão trouxe, pois, um “prejuízo enorme para o desenvolvimento do artesanato em Cabo Verde e explica o seu estado negligente, lamentável”.

Leão Lopes recorda no entanto, que nem sempre foi assim: “herdamos um conceito de artesanato correcto, da nossa história colonial, tecnologias que se aplicam na produção do artesanato do produto”. Nas escolas técnicas, havia efectiva formação de peritos nessas tecnologias, artesãos.

Com a independência houve uma valorização do sector. “Havia uma estrutura do governo que cuidava do artesanato. Criou-se o Centro Nacional de Artesanato e um Centro Regional de Artesanato que durou vários anos e que fez um belíssimo trabalho, tanto é que os artesãos seniores, mais qualificados, em actividade neste momento em Cabo Verde vêm ainda desses centros”, observa.

Hoje, perdeu-se o know-how e a projecção em áreas diversas do artesanato, que seria necessário resgatar.

O que se espera, então, “é que os outros espaços de afirmação do artesanato”, que vão além do souvenir, “sejam ocupados por outras instituições, por outras directivas políticas”. Ou seja, para que esta actividade constitua uma economia que crie emprego, rendimento e produção terá de se deixar de pensar nela como algo “exótico” e isso passa pela profissionalização e domínio tecnológico.

 

Formação: Artesão

“Pensamos que não precisamos de escola para formar o artesão. Isto é gravíssimo”, aponta Leão Lopes. 

Muitas formações que hoje pululam por todo Cabo Verde são muito breves, esporádicas. Leão Lopes define-as como “entretenimento e sustentação de um discurso político frágil”.

São formações que tendo o seu espaço não criam artesãos, pois não dotam quem as frequenta com a qualidade técnica necessária ao metier e à competitividade no mercado. São, elas mesmas, resultado de uma inadequada política educativa para a área.

“Um dos grandes dramas é que mesmo a classe política faz um discurso absolutamente pernicioso e terrível para o sector, como se o artesanato pudesse ser dominado, sem aprendizagem, sem tecnologia, sem conhecimento, sem escola”, insiste Leão Lopes.

Uma semana, umas peçazitas. Certificado: artesão.
Em termos formativos, o que aconteceu um pouco por todo o mundo, foi que a “escola” tradicional das comunidades (a passagem do know-how de geração em geração, de artesão para aprendiz) foi continuada por instituições que bebem nessa tradição. Isso cortou-se em Cabo Verde. Desapareceu e não foi reposto. “E a forma de repor seria com medidas políticas formais para isso mas à medida que o discurso do artesanato empobreceu, essa pobreza de políticas para o artesanato acabou por se instalar”, analisa Leão Lopes.

O reitor da M_EIA vai mais além na sua crítica e diz: “O artesanato serve, hoje, em Cabo Verde, para enquadrar socialmente pessoas, serve para enquadrar jovens que estejam fora do sistema escolar, serve para respostas várias de ordem sociológica, mas não tem a componente essencial que é educação tecnológica, criativa, de formação profissional, … “.

A realidade de países, nomeadamente africanos, como o Zimbabué, em que a formação é vista como fundamental para a evolução e futuro da economia do sector, e onde há licenciaturas e outros graus universitários, ainda parece distante, em Cabo Verde. Mesmo sabendo-se que o artesanato é um sector da economia importante em qualquer país.

Também o professor artesão Gustavo Duarte lamenta a maneira como hoje são feitas as formações. Antes, há cerca de 20 anos atrás havia o quadro de artesão que estipulava as diferentes classes pelas quais um artesão iria passando consoante a sua aprendizagem, de aprendiz, passando por várias classes de artesão, a professor artesão, sendo que esta classe já exigia formação a um nível académico.

“Hoje uma pessoa identifica-se como artesão e é chamado para dar formação”, deplora, esclarecendo que mesmo tendo um bom nível o formador tem de saber transmitir o seu know-how. “Porque saber fazer não significa saber ensinar”.

 

Valorizar a profissão artesão

Outra grande questão é que os artesãos se consideram… artistas. Confundem os dois conceitos, com prejuízo para a determinação do espaço económico e cultural de cada um dos sectores.

Assim, é necessário estabelecer correctamente a definição: artesanato é “um metier directamente ligado à economia, que tem como base a tecnologia e a criatividade”.

A raiz etimológica de ambos conceitos e o facto de estarem ligados à criatividade ajuda à confusão. Mas o resultado da produção artesanal é um objecto que possui uma direcção e uma função clara, mesmo que simbólica. A sua função objectiva e material nada tem a ver com a criação subjectiva que é a obra de arte. Por fim, há ainda a questão da repetição. A obra de arte é única, o produto artesanal tem a possibilidade de ser reproduzido ad infinitum.

Confusão e talvez algum desconhecimento ou necessidade de afirmação. Um pouco de tudo talvez. O que é certo, pelo menos da experiência de Leão Lopes é que por norma são na realidade os artesãos mais qualificados que “se assumem de facto como artesão e percebem bem a diferença.”

E para que o artesanato seja valorizado há também que “sensibilizar os artesãos de que esta é uma profissão de honra, não podemos deixar que ninguém a inferiorize. Temos de nos valorizar para que as pessoas possam valorizar-nos”, aponta, por seu lado, Gustavo Duarte.

Uma medida que, segundo diz, “afectou a dignidade da classe” é a forma como são atribuídos títulos artesão, através do Estatuto do artesão. “Qualquer pessoa que chega ao ministério [da Cultura] e diz ser artesão, recebe essa identificação. Não foram criados requisitos, o perfil para o ser”.

Não há um percurso, uma carreira, a exigência de formação. E a falta de clarificação faz com que qualquer pessoa com gosto pelos “trabalhos manuais” seja artesão.

 

Matérias-primas

Ora, há então “artesãos” que se consideram designers, outros que se consideram artistas. No reino do qualquer um pode ser, há também quem, por hobby se dedicar a trabalhos manuais, já se assuma como artesão.

Também aqui, Gustavo Duarte marca bem a diferença: artesanato e trabalhos manuais não são a mesma coisa. Conforme explica o artesão: se alguém for a um loja chinesa comprar umas bolinhas e fizer uma pulseira, isso não é ainda artesanato. É trabalho manual, pois artesanato trabalha com outro tipo de matéria-prima, endógena, distingue.

A escolha da matéria é, na concepção deste professor, aspecto fundamental na definição do que é artesanato. “O conceito de artesanato é o aproveitamento dos recursos naturais nacionais, de preferência locais. O artesanato é quando a pessoa cria, inventa a matéria-prima, não é quando a vai comprar numa loja.”

Há que aproveitar os recursos, evitar a importação. Até porque, no seu entender, existe matéria-prima em “abundância e qualidade em Cabo Verde. Nós é que temos de a descobrir”. “Eu defendo que artesanato é a valorização da matéria-prima que temos aqui, transformar a pobreza em riqueza, ou o lixo em luxo”, explicita.

Faltam matérias-primas é para as “Belas Artes”, salvaguarda o artesão, “mas isso é outra coisa…”

Quanto às ferramentas de trabalho do artesanato, aí Gustavo Duarte considera que deveria haver maior facilidade para a importação das mesmas que não existem no país – nomeadamente isenção alfandegária.

O domínio da matéria implica técnica. Mesmo quando a concepção do artesanato não é tão radical em termos de origem do material. E voltamos, em círculos à necessidade da formação e políticas adequadas.

Ainda falando em matérias-primas, Leão Lopes, por seu lado, recorre ao exemplo dos recursos geológicos de Cabo Verde para mostrar que há ainda um manancial de oportunidades abertas e a desenvolver, com base nos mesmos. Culpa novamente de políticas desadequadas no sector. 

“Depois de se chegar a um nível interessante de uso das nossas argilas, de tecnologias interessantes de uma área como a cerâmica, não houve acompanhamento político para aproveitar toda essa” riqueza.

 

Turismo

Entretanto, se por um lado, Cabo Verde parece ter-se esquecido de certas formas de artesanato mais utilitário, centrando-se demasiado no “exótico” e pequena peça ou souvenir, por outro, mesmo a este nível parece haver um certo adormecimento.

O turismo, esse motor de desenvolvimento e riqueza tão aclamado no arquipélago, não tem sido devidamente aproveitado, havendo ainda fortes lacunas no que toca ao artesanato como produto de oferta no mercado turístico.

Apesar do potencial do turismo, para Leão Lopes, não é no entanto correcto, centralizar o artesanato no turismo, ou tendo em visto apenas o turismo. Isto porque na sua análise, tal vai “reduzir o conceito de artesanato enquanto economia, enquanto tecnologia, enquanto mais-valia em termos de corporação de valores culturais, patrimoniais, etc.”, explicita, na linha do que já foi dito anteriormente.

Agora, com também refere, o turismo, aqui como em muitos países, “absorve ou integra varias nuances da produção nacional. O artesanato é apenas um desses sectores de produção, que terá a ver com o turismo sim, enquanto uma indústria, que vai beber nessa mais-valia do leque da economia de um país.”

E neste momento, o sector do artesanato não está, pois, a dar os frutos que poderia dar na economia e emprego. Na verdade, o espaço em aberto no mercado turístico (e não só) tem sido ocupado por artesãos da Costa Ocidental Africana que aliam o savoir faire a uma visão inteligente das oportunidades de mercado.

E ainda bem que temos esse artesanato da Costa, porque “se não o deserto era ainda maior”, aponta o professor universitário.

Também o comércio chinês, na sua imensa capacidade de detectar oportunidades, nichos em aberto, introduziu souvenirs, muitas vezes produzidos de uma forma que se confunde, intencionalmente, com verdadeiro artesanato. Seja como for, no turismo e fora dele, a verdade é que o artesanato pode absorver uma percentagem importante de desemprego em Cabo Verde.

E com um artesanato de qualidade, a própria dinâmica comercial do mercado irá regular e apostar na distribuição.

Mais uma vez salienta-se aqui, a necessidade de políticas adequadas para mobilizar todo um sector.

 

Políticas acertadas precisam-se

Ao longo das últimas décadas, como referido, Cabo Verde não primou pela adopção de políticas adequadas ao sector do artesanato. Mais, perniciosamente permitiu uma série de contaminações e deturpações sobre o que é este sector.

Entre iniciativas, tomadas nos últimos anos, salienta-se o Fórum Nacional do Artesanato (FONARTES), que se tem vindo a realizar no Mindelo e onde durante alguns dias se discute e expõem diversos produtos artesanato nacional.

Para Leão Lopes esta é uma iniciativa política que de alguma maneira tem trazido uma “certa animação do sector”. Mas o designer, que já foi ministro da Cultura, questiona até que ponto a FONARTES terá “resultados em termos de qualificação do sector, a nível de formação tecnológica e cultural”.

Foi também criada a Rede Nacional de Distribuição de Artesanato (RENDA), uma plataforma para distribuição dos produtos artesanais e foi criado um selo “Created in Cap Verde”.

Aliados a estas apostas, assistimos também, recorrentemente a projecto, formações e certificações -  geralmente apoiados por parceiros internacionais. Nestes casos, o impacto real dessas “formações”, como referido, parece ser bastante limitado.

Ou seja, há já, sem dúvida, algumas medidas em curso que mostram que Cabo Verde parece ter voltado a acordar para a preocupação com o artesanato. Isto, depois de anos de descaso nas políticas voltadas para o sector. Há a vontade de um novo fôlego. Mas, grande parte delas, são apenas medidas avulsas, redutoras do que é o próprio artesanato e, pode-se dizer, pouco eficientes.

O que fazer? Leão Lopes insiste que o ponto de partida terá de ser precisamente a formação.

Mas primeiro é preciso definir ao certo que artesanato se pretende dar ao país e que “estratégia se deve adoptar politicamente para defender o artesanato, enquanto sector económico importantíssimo”.

Depois de se clarificar estas questões, deve-se “criar, estimular, e orientar de alguma forma para que surjam instituições de formação contemporânea. Já não há outra hipótese, já não há as escolas tradicionais, já não se aprende no seio comunitário, familiar, etc, mas existe um património para ser recuperado, hoje, através da investigação, da experimentação, pode ser redesenhado, repensado e que cobre sectores de produção deste país, dentro do artesanato”.


Do anel à casa

Há uma “estória” interessante que Leão Lopes recorda para ilustrar o que é Artesanato. “Uma vez, numa oficina que trabalhava essencialmente pedra, perguntou-se ao artesão altamente qualificado: ‘o que fazem aqui?’.  E ele respondeu com naturalidade - uma resposta correctíssima, que ilustra aquilo que eu defendo – ‘Aqui fazemos desde o anel a uma casa’. É facto, não é metáfora, o artesão, ou este sector, deverá estar preparado para produzir desde o anel a uma casa de habitar”.

 

Gustavo Silva

Leão Lopes          

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 763 de 13 de Julho de 2016.

 

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Autoria:Sara Almeida,17 jul 2016 6:00

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  18 jul 2016 9:16

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