Este ano, a direcção quer ter contas fechadas a dia 12, sem tempo para ressacas. “É esse o meu objectivo”, admite a ‘mulher do dinheiro’.
E se Zenaida está habituada a fazer contas à vida, Daniel Monteiro também sabe bem o trabalho que dá garantir um festival à altura das expectativas. O público pede excelência, até porque é a isso que está habituado. Daniel coordena a cenografia. Atento às especificidades de cada apresentação e aos detalhes de cada peça, Daniel trabalha com os artistas locais para que tudo esteja pronto a tempo.
“Desde que tenhamos as informações com a devida antecedência e disponibilidade financeira, artistas não acabam aqui em São Vicente e nós temos uma equipa técnica que consegue resolver os problemas atempadamente”, revela.
Grupos de 12 países vão actuar na 23ª edição do Festival Internacional de Teatro de Mindelo, num total de 50 espectáculos. Números que impressionam.
O Palco 1, no Centro Cultural do Mindelo é um dos epicentros. Jeff Hessney é o coordenador do antigo palco principal. Cabe-lhe garantir que tudo está conforme as exigências de cada grupo.
“Garantir que temos todos os equipamentos de luz e som necessários, o que nem sempre é tão fácil como parece”, confidencia-nos.
Prever imprevistos pode parecer contraditório mas é outra missão (im)possível. Jeff não fala à toa. É que, por mais planificação que se faça, há sempre alguma surpresa. É necessário estar preparado para responder na hora.
“Podes ter cortes no fornecimento de energia, algum elemento difícil de arranjar, algum problema na adaptação da cenografia”, exemplifica.
Pensar e criar cada edição de um evento que se renova anualmente, mais a mais num ano de elevadas expectativas, na segunda vida do Mindelact, não é tarefa fácil, nem coisa que se faça em cima do joelho. Sabe-o toda a equipa e sabe-o, por isso, João Branco, presidente da Associação Mindelact, fundador e director-geral do festival.
“[Este cargo] é uma espécie de centro de comando, de prevenção, que garante a resolução rápida de problemas que surgem à última hora, para que não haja ‘incêndios’. Em último caso, se for preciso, e se houver algum ‘foco de incêndio’, temos que estar preparados para ir lá e resolver”, diz-nos, antes de garantir que está tudo pronto para a festa do teatro.
A edição 23 do Mindelact decorre de 3 a 11 de Novembro, dividida em diferentes placos. No palco 1, instalado do Centro Cultural do Mindelo, as propostas para os primeiros dias vão de Cabo Verde ao Brasil, de Inglaterra a Portugal, passando pela República Checa e sempre às 21:30.
Dia 3, a abertura faz-se com “Romeu ma Julieta. Uma tragédia crioula”, co-produção do Festival Mindelact e da SP Escola de Teatro (Brasil). Dia 4, uma das peças mais aguardadas, “Angel”, da RedBeard Theatre, em associação com Gilded Ballon Productions (Inglaterra). Dia 5, “Sólo”, de Radim Vizváry (República Checa). Dia 6, “Cartas”, pelo Grupo de Teatro do CCP do Mindelo, em parceria com Um Coletivo (Portugal). Dia 7, “Cárcere”, com assinatura de do brasileiro Vinícius Piedade.
A programação do Mindelact 2017 não se esgota no palco 1, com uma oferta vasta, para públicos vastos, a merecer consulta atenta no site mindelact.org.
*com Lourdes Fortes