Recomendação para ouvir: A letra de Jorge Barbosa, amornada pela voz de Lena França

PorPaulo Lobo Linhares,14 jan 2018 6:23

​Jorge Vera-Cruz Barbosa, nasceu em 1902, tendo-nos deixado no dia 6 deste mês, no ano de 1971.

Assim, o nosso cantinho de hoje não poderia deixar de fazer menção a este nome que foi com toda a certeza, um das maiores referências do universo literário cabo-verdiano.

No ano em que completava 33 anos, oferece-nos a obra “Arquipélago”, por muitos considerado o ponto de partida da moderna poesia das nossas ilhas.

“Arquipélago” foi praticamente o anunciador do movimento “Claridade”, que viria a surgir quase que um ano depois – a época de ouro da nossa literatura.

A escrita, ou se preferirmos...a temática dos fundadores deste movimento voltava-se definitivamente para os “problemas sociais e políticos” (por muitos referido como “os problemas da terra”) do nosso “arquipélago”.

Brilhante na maneira como descreve e “conta” o que via, (ou até quando recorre a uma certa fantasia criativa), os seus poemas conquistaram o nosso povo e têm sido alvo de investigações estrangeiras ao longo do tempo.

Jorge Barbosa também escreveu lindas letras para música.

Assim, dado que o principal Leitmotiv desta coluna passa pela música, optei por escolher um dos seus poemas que foram musicados, aqui numa interpretação de enorme interesse, para um disco que já conta com alguns anos, desde o seu nascimento.

Em 1999, Lena França lança o álbum “Amornado”.

Num requintado repertório de mornas sobressai a linda letra de “Minina di Bila” de Jorge Barbosa. A interpretação de Lena França honrou a mestria da letra. De forma doce e sentida, a voz da cantora elucida com precisão o que Barbosa sentiu e nos deliciou com o que descobria no “olhar da Minina di Bila”.

À voz calma e melodiosa de Leninha França, junta-se a interessante orquestração do disco dirigida por Mário Lúcio Sousa. Recordo que Leninha foi uma das vozes do saudoso grupo “Simentera”.

Mas “Amornado” não é só “Minina di Bila”.

Temas como: “Nha Coraçon”, de Betú, “Scutam es Morna”, de Mário Lúcio Sousa,”Nha Desejo”, de Manuel Faustino ou “Nha Regresso”, de Manuel D’Novas também ajudam a desenhar este disco, que já merece uma reedição e consequente alargar da presença nos expositores de discos da música Cabo-verdiana.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 841 de 10 de Janeiro de 2017. 

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Lena França

Autoria:Paulo Lobo Linhares,14 jan 2018 6:23

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  14 jan 2018 6:24

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