Mário Benvindo Cabral falava em declarações à Inforpress, no âmbito da comemoração do sexto aniversário da criação da ACACV, cujo objectivo é promover o desenvolvimento artístico do cinema cabo-verdiano e da cultura cinematográfica.
Durante os seis anos de vida da instituição, a grande luta tem tido foco no debate, com os sucessivos governos, no intuito de se criar a lei do cinema e do Instituto do Cinema.
“O cinema está à toa em Cabo Verde, porque anteriormente não se sabia quem ia atribuir o financiamento e para quem, qual o montante a ser distribuído, e quais os critérios, mas com a lei do cinema tudo vai ficar definido”, assevera.
Neste sentido, defende a criação do Instituto de Cinema para que os produtores e realizadores cabo-verdianos tenham acesso a outros tipos de fundos e possam competir a financiamentos, “em pé de igualdade com outros países”.
“Há fundos de cinema internacional, mas o Governo não pode ser intermediário, mas sim o Instituto de Cinema. Hoje em dia não há nenhum tipo de regulamentação que autorize filmagens em Cabo Verde. As pessoas chegam e realizam os seus projectos e não deixam nenhuma contribuição ao País, mas com a lei do cinema elas passam a ser obrigadas a deixar parte do financiamento e a ter na sua equipa de produção pessoas nacionais”, indicou.
Segundo Cabral, a Associação teve recentemente um encontro com o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, e este mostrou o seu engajamento e disponibilidade do seu gabinete em apoiar a instituição no sentido de fazerem um trabalho conjunto para a efectivação da lei do cinema e a sua aprovação no Parlamento.
Ao longo da sua existência, o ponto alto da Associação foi em Setembro de 2017, com a primeira transferência feita pelo Governo relativamente à lei da Cópia Privada.
“Tivemos uma reviravolta depois da aprovação da lei da cópia privada. Tendo acesso a fundos do Governo, podemos dizer agora que as coisas estão a mudar e este ano promete, porque temos verba para funcionar, pelo que aproveitamos para fazer a reestruturação interna e deste modo dar uma melhor resposta aos sócios”, enfatiza.