Nova largada na Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde

PorChissana Magalhães,22 fev 2018 10:15

A Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde (ACACV) irá completar a 31 de Março seis anos de existência. Com a obtenção de fundos que finalmente começou a acontecer nos últimos meses de 2017 a direcção encara o futuro com optimismo e prevê uma nova pujança para a organização nos próximos tempos. Reaproximar os membros da organização é uma das prioridades.

São, para o ano de 2018, dez milhões de escudos (10 mil contos). Mais dinheiro do que alguma vez a ACACV teve nestes seis anos de vida. Não espanta por isso que o plano de actividades apresentado e aprovado em Assembleia Geral realizada Domingo último em São Domingos, seja extenso e ambicioso.

Antes de ir aos detalhes do plano, e antes que entre o dinheiro referente ao ano de 2018 – que vem da taxa de compensação equitativa pela cópia privada distribuída pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas – havia contas a apresentar referentes a 2017. E nesse quesito há ainda aproximadamente sete milhões de escudos (7 mil contos) que a ACACV tem que gastar até final de Março de 2018. Um montante que se destinará maioritariamente a investimentos em meios técnicos. A aquisição de kits de produção audiovisual e kits de cinema móvel são algumas das necessidades.

O final de Março é justamente a data em que se assinala o sexto aniversário da criação da Associação, ocasião para a qual está já previsto um leque de actividades comemorativas. Mas, primeiro, a reabilitação da sede, a funcionar num edifício do Parque 5 de Julho, cedido pela Câmara Municipal da Praia. A precariedade actual das condições do espaço assim o exige.

O aniversário é também pretexto para a criação e lançamento do site oficial do colectivo afecto ao cinema e audiovisual. Neste deverá ficar alojado, para além do Estatuto e demais documentos da ACACV, uma base de dados onde estarão catalogados todos os indivíduos, produtoras e demais organismos ligados ao cinema em Cabo Verde.

Mas a ambição da associação é maior. “Queremos criar um acervo com todos os filmes cabo-verdianos e filmados em Cabo Verde”, diz Mário Benvindo Cabral, presidente da direcção da ACACV desde Dezembro de 2016. Ou seja, não apenas listar estes filmes e respectivas fichas técnicas mas conseguir cópias dos mesmos para constituir uma mediateca e preservar o espólio do cinema e audiovisual nacional. Deste acervo irão certamente fazer parte no futuro os filmes que irão sair do edital que será lançado brevemente para primeiras obras. Parte dessa verba remanescente de 2017 será usada nesse edital que pretende estimular jovens criadores a produzir o seu primeiro filme.

Membros mais próximos e activos

“Nos próximos tempos o que queremos é quantidade. Queremos incentivar os nossos associados a produzir em massa. Depois, mais adiante com as várias formações especializadas que iremos ter, começaremos a por mais foco na qualidade”, explicou Mário Cabral ainda durante a reunião de Domingo.

Ter os associados a produzir com recursos (financeiros e/ou materiais) disponibilizados pela Associação implica que estes estejam plenamente integrados nesta. Por isso “arrumar a casa” irá implicar também e fundamentalmente reaproximar os membros.

Ao longo destes seis anos da ACACV o parco engajamento dos membros nas iniciativas da organização tem sido um dos maiores handicaps. Acabou por ser sempre um grupo muito reduzido, constituído quase que exclusivamente por membros dos órgãos dirigentes, a dar o corpo ao manifesto. Parte deste problema será sanado com a criação, nos próximos meses, da delegação da ACACV em Mindelo. Para esse fim o presidente da direcção estará em São Vicente já nas próximas semanas para dar continuidade aos trâmites encetados pela direcção anterior nesse sentido.

Agora com recursos para concretizar ideias e projectos, a direcção pretende realizar uma campanha para engajar os membros fundadores e angariados ao longo da sua existência, e também registar novos sócios. Entre as várias abordagens para alcançar este objectivo os editais e as formações são apenas uma parte. Entretanto, o acesso a estas iniciativas por parte dos associados passará evidentemente pela regularização das quotas em atraso.

No plano de actividades para 2018, 50% do orçamento está reservado para apoio à produção de filmes e outros projectos audiovisuais, através dos vários editais para candidatura ao fundo disponível.

“Para o efeito será constituída uma equipa remunerada, com consultor e membros da associação para conduzir o processo. Serão criados regulamentos de modo a termos máxima transparência possível. Todo o processo será coordenado pela associação, havendo, no entanto, convidados de outras instituições para fazer parte do júri”, lê-se no plano de actividades.

Entre os editais a serem lançados este ano há um para curtas-metragens partindo da temática do álcool e outras drogas, numa parceria com a campanha “Menos álcool, mais Vida” da Presidência da República, com a CCDroga e a CVMóvel.

Outro edital irá contemplar a produção de filmes de temática histórico-cultural, onde grandes momentos e figuras da nação sejam enaltecidos.

Quanto às formações, para os associados haverá a oportunidade de receberem uma formação em produção de baixo orçamento, havendo já contacto e disponibilidade manifesta pelo cineasta brasileiro Clébio Ribeiro.

Outras oficinas técnicas ao dispor dos membros da ACACV serão em edição e imagem (Adobe Premier) para iniciantes e em pós-produção, especificamente efeitos especiais, para os mais experientes que terão também oportunidade de capacitação em montagem para documentário.

A pensar no futuro, serão disponibilizadas algumas formações para não-membros, nomeadamente estudantes das escolas secundárias e universitários.

Com a robustez financeira adquirida a ACACV, que até aqui tem sido co-organizadora do Plateau-Festival Internacional de Cinema da Praia - patrocinando a actividade descentralizada “Cinema de Rua” – vai também apoiar financeiramente o festival nacional de cinema Oiá, em Mindelo, e o Cape Verde International Film Festival, na Ilha do Sal. 

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Autoria:Chissana Magalhães,22 fev 2018 10:15

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  21 jan 2019 3:22

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