Mais do que fomentar a divulgação do livro, Leitura quer estimular a leitura e a escrita. Para isso, ela aposta na apresentação de livros já editados pela livraria, mas também de outras editoras.
A edição inaugural, composta por 36 páginas, traz um artigo em crioulo, página dedicada aos leitores infanto-juvenis e uma outra dedicada àqueles que querem estrear-se no mundo da escrita. Esta abertura é para dar oportunidade aos jovens para publicarem, uma vez que nem os jornais ou revistas da praça têm feito isso.
O primeiro número da Leitura não só marca a sua entrada em cena, como também cumpre a missão de definir a sua identidade. “Temos um estilo e uma identidade que permite que todos possam ter curiosidade em folhear a revista e ler”, afirma o director Mário Silva.
Leitura pretende satisfazer todos gostos e faixas etárias em termos de textos. Mas é sobre a imagem que recai uma importância particular. “Ser uma revista com textos que não sejam muito extensos de maneira a poder ler-se num banco, num hospital, num autocarro, ou em casa, quando vamos jantar ou almoçar”, afirma Silva. “Queremos uma revista alegre, rica, estimulante”, acrescenta.
Para Ludgero Correia, que apresentou o número de estreia, esta revista assume uma missão importante. “Quer que os cabo-verdianos passem a ler mais para falarem bem e escreverem ainda melhor”, diz. A missão não esgota com a promoção da leitura. “Faz um convite aos jovens para escreverem para a revista”, enaltece.
Segundo defendeu Correia, o contributo da Leitura no progresso da leitura e da literatura tem que passar pela adopção da vertente da crítica literária. "Mas para haver crítica literária é preciso haver críticos, e exercer o papel de crítico em Cabo Verde é complicado” , chama a atenção. Para Ludgero Correia, o figurino da crítica literária não tem vingado no país, não só por falta de críticos mas também pela má recepção das críticas pelos visados.
Entretanto, com a revista Leitura, Correia tem alguma esperança que isso venha a acontecer em Cabo Verde, mas admite que é “um longo caminho a percorrer”.
A ambição da revista Leitura é chegar a todas as ilhas. “Neste momento, a revista já está em são Vicente, no Sal e no Maio e em várias outras ilhas”, revela Mário Silva. Esta preocupação em levar a Leitura a todo arquipélago reside no facto de grande parte do que se faz à volta do livro estar concentrado na Praia e no Mindelo. “Nós queremos quebrar esta dificuldade. No fundo, é uma dificuldade, não é falta de vontade de ninguém”, considera.
A revista assume como pretensão o incentivo à leitura. Ora, como incentivar a leitura da própria Leitura? Uma das formas, segundo o seu director, é disponibilizá-la em todas ilhas a um preço acessível.
Apesar das dificuldades que acompanham projectos semelhantes, Mário Silva está optimista quanto ao futuro do livro e da leitura em Cabo Verde, devido à dinâmica que tem havido nesta área, ultimamente.