Abraão Vicente fez estas considerações à margem da abertura do VIII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa que decorreu na tarde de ontem, na cidade Praia, em concreto na Universidade de Cabo Verde, com o tema central "cidade e literatura".
Para o ministro da Cultura, a temática da "cidade e literatura" encerra em si mesma a essência da função da escrita. “Textos literários, quer sejam romances, contos, poemas, ensaios, buscam sempre a verdadeira essência das cidades”, diz.
Na reconstrução do imaginário da cidade da Praia e da ilha de Santiago, bem como da auto-estima e da narrativa, a literatura, segundo Abraão Vicente, tem um papel de relance. “Eu creio que a narrativa e o incluir a cidade, contando as historias reais da cidade, mas também destacando a beleza da cidade, destacando as dinâmicas, podem ajudar ao desenvolvimento do próprio país”, salienta.
Para uma cidade que aspira ser cosmopolita, segundo disse, a Praia esteve muito tempo “conotada com algum atraso, com marcas que não abonam muito” a essa aspiração.
Na cidade capital, a semana está ser marcada por uma grande efervescência de eventos culturais. “Muito mais de uma cidade, neste momento falamos de capital da cultura de Cabo Verde, do coração da cultura onde tudo bate, do funaná ao batuque, da tabanka às coladeiras, das tradições mais populares, aos encontros mais eclécticos como é este onde nos encontramos”, considera Abraão Vicente.
“Creio que é meritório por parte da Câmara Municipal da Praia assumir um encontro internacional sem qualquer parceria à priori do Ministério da Cultura”, comentou ainda.
O dia inaugural do VIII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa ficou preenchido com uma homenagem ao claridoso Jaime de Figueiredo e apresentação dos livros, “A Caminhada”, de Samuel Gonçalves e “Casa dos Estudantes do Império”. O encontro é organização pela UCCLA e Câmara Municipal da Praia.