Foi magnífico vê-la, a Sara que mantém a doçura do sorriso, mas as expressões, os olhares trocados com o público quando a ele se dirigia, e principalmente com os músicos, eram fortes e marcados.
Logo à entrada surpreendeu. Transformou a plateia do auditório no tapete que atravessou calmamente, até chegar ao palco. E desde aí começou o espectáculo, muito segura de si, mostrando ao público que o palco era dela e que trazia muito para partilhar.
As letras espelhavam isso. Mais fortes, abordavam temas que ora brincavam, ora falavam destas-coisas-mais-sérias como as emoções. Contudo, conseguiu ligar todos os temas como mesmo desenho musical, o mesmo “tom”…o tal “Ton di Petu”.
E na verdade, tudo o que Sara cantou, vinha da caixinha que tinha (…e que sempre teve) bem guardada no peito.
Em palco, dois convidados de excelência: Remna Shwarz que reparte o tema “sem Norte” em vozes/cânticos que só ele sabe, e a poderosa capacidade da traficante de palavras – Vera Cruz e a sua “Opinion”.
Para que tudo fosse querente, claro, realce para o guitarrista Ricardo Quinteiro e para os jovens de enorme potencial que construíram tão bem os momentos, paragens, solos e instrumentais da banda de suporte: o baixo de Heber Pires, a bateria de Ronaldo Lopes e os teclados de Deri Lopes.
Nesta parte então, o instrumental…Sara levantou voo em relação ao “mood” dos trabalhos anteriores.
Vamos continuar a ouvir o disco, mas quase que adivinhando que palcos não faltarão.
Para finalizar, fazendo questão de que fosse mesmo para fechar com um dos factos de maior interesse, que belo é ver um artista a criar as condições para fazer fisicamente o disco, recorrendo ao “Croundfunding”, ser autora de todas as letras, constituir a banda de suporte que lhe ofereceria os bouquets de notas musicais…enfim…este disco só poderia ter um tom…o “Ton di Petu”.
E foi uma sexta feira, 13.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 855 de 18 de Abril de 2018.