A novidade é avançada pelo poeta e editor Filinto Elísio que, a partir da sua página de Facebook, dá conta da luz verde da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) de Portugal à proposta da Rosa de Porcelana de uma edição traduzida para a Língua Cabo-verdiana (LCV) do primeiro livro de José Luís Peixoto e que o lançaria no mundo da literatura.
Publicado em edição de autor, em 2000, “Morreste-me” é uma obra de ficção de cunho biográfico onde o autor revisita a morte e as memórias do pai, através de um monólogo.
“Trata-se de um livro biográfico, existencialista e redentor, dos mais viscerais da lavra deste grande autor”, defende Filinto Elísio.
A primeira publicação da obra em Portugal aconteceu em 1998, na Colectânea de Textos Jovens Criadores 98. Seguir-se-ia a edição de autor. Depois dessa, só em Portugal seriam mais 20 edições.
Passados 18 anos, “Morreste-me” ganhou traduções na Bélgica, Espanha, Croacia, Índia, Itália, Catalunha, Reino Unido, França e Brasil. (nesse caso trata-se mais de uma adaptação do português) num total de 26 idiomas.
“Este livro tem se mantido sempre por demanda dos leitores. Não sou capaz de fazer uma avaliação fiel dos resultados, mas creio que tem muito que ver com a identificação que as pessoas que já perderam alguém encontram nessas páginas. Além disso, hoje em dia, não é fácil encontrar livros que não tenham medo de falar sobre a morte”, disse o autor em entrevista ao jornal brasileiro Estadão numa altura em que o livro tornava-se sucesso também entre os leitores brasileiros.
Depois de “Morreste-me”, o curador do Festival Literatura-Mundo Sal pu-blicou “Nenhum Olhar”, “Uma Casa na Escuridão”, “Cemitério de Pianos”, entre outros. Com apenas 27 anos, José Luís Peixoto foi o mais jovem vencedor de sempre do Prémio Literário José Saramago (2001) e, entre vários outros, recebeu em 2016 o Prémio Oceanos (Brasil).
Para a Rosa de Porcelana, que prepara-se por estes dias para lançar a 33ª obra com a sua chancela - “Itinerários de Amílcar Cabral”, organização de Ana Maria Cabral, Filinto Elísio e Márcia Souto – esta será a primeira incursão pela tradução e para Língua Cabo-verdiana.
Quanto ao festival Literatura-Mundo Sal - que une A Rosa de Porcelana, enquanto responsável pela organização científica do evento, a José Luís Peixoto, o curador - teve o encerramento da sua segunda edição no domingo, 24, com os participantes a dar nota positiva ao evento.
Desta segunda edição sai ainda a novidade da criação pela Câmara Municipal do Sal, promotora do festival, do Prémio Literário Jorge Barbosa. Ainda sem mais detalhes, sabe-se que o anúncio do vencedor deste prémio se fará integrado ao Festival Literatura-Mundo Sal.
A segunda edição do Festival Literatura-Mundo Sal decorreu entre 21 e 24 de Junho e teve como homenageados os escritores Jorge Luis Borges (Argentina) e Mário Fonseca (Cabo Verde) e prestou também tributo aos dois escritores cabo-verdianos galardoados com o Prémio Camões, Arménio Vieira e Germano Almeida.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 865 de 27 de Junho de 2018.