Para tamanha iniciativa, a classe musical respondeu: The Who, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, David Bowie, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Phil Collins, Black Sabbath…entre outros.
Assim, um dos músicos lançou o desafio, propondo que a data passasse ser o “ Dia Mundial do Rock”. Alguns países tornaram a proposta oficial, passando a fazer parte do “calendário musical” dos aficionados.
E o Rock – nas suas mais variadas vertentes - do mais clássico, até ao de linhas mais pesadas – continuou a correr mundo, deixando marcas históricas pelos diversos países por onde passou.
Nesta linha de pensamento, dei comigo a rebuscar marcos que este estilo musical poderá ter deixado em Cabo Verde, quando olhei para o disco dos Primitive – grupo que terá sido um dos pioneiros do nosso Rock.
Desde cedo, começam por alimentar (e mais tarde tornar real), o sonho de afirmação como banda. Conseguem-no e, de forma eficaz, abrem os apetites de vários jovens da Praia para este género musical. Cabo Verde tinha assim nos palcos uma banda que, sendo fiel ao Rock, diverte-se em palco e canta para um público cada vez mais fiel.
Num segundo momento, César Freitas, figura primeira da banda, funda uma produtora de eventos e, partir daí, a sua missão passou a ser a de partilha – momento que considero ser a fase adulta de um músico. Partilha não só o Rock através da sua divulgação, mas ainda junta as bandas que iam aparecendo sobretudo na Praia, em pequenos palcos que vão entrando nos festivais da cidade.
Finalmente, o salto maior: o assumir do Rock “Made in CV”, e o pulo para fora. Através da produtora ligada aos Primitive – a Articul CJ – o “Grito Rock” vem de fora e passa a fazer parte dos cartazes anuais da nossa “route” musical. Passa então, por “culpa” dos Primitive e da Articul CJ, a haver a presença marcada do Rock em Cabo Verde...seus palcos, seus festivais, e acima de tudo, seus seguidores. Um pensar-rock…
O grupo lança agora no mercado o seu mais recente trabalho: “Odjo ki ta Txekou”, numa edição de autor, onde todas as etapas do processo de produção, tiveram a merecida atenção: da apresentação gráfica cuidada (própria dos amantes da música…quase que a induzir o lançamento do formato Vinil…), às participações, rede de distribuição, comunicação…tudo mereceu cuidado especial.
São abordados temas que vão desde o universo das recordações infantis (realce para a promissora voz de Alícia Freitas), a sentimentos ou observações do social, do dia-a-dia, até temáticas ou críticas mais pesadas onde se enquadra a descarga energética do tema “Paranóia” com a participação especial do guitarrista Soren Araújo.
No campo instrumental, uma fusão onde se nota a presença dos ritmos de Cabo Verde, e do rock, ou, se preferirmos, do rock progressivo.
Assim, Os Primitive vão traçando o seu caminho, percorrendo-o… sob a bandeira do Rock, vão partilhando a música com todos e dizendo para fora de Cabo Verde que o Rock por cá anda bem e recomenda-se a perseverança dos seus mentores.
Força Primitive!
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 868 de 18 de Julho de 2018.