São retratos de pessoas feitos nas paredes, para mostrar às pessoas a importância da arte. A ideia desse projecto surgiu há alguns meses e só no mês de Junho o artista plástico resolveu colocá-lo em prática. Começou na ilha de Santo Antão e por esses dias está no bairro da Fazenda, na cidade da Praia.
“Comecei este trabalho em Santo Antão a fazer pintura mural e chamou a atenção de muitas pessoas na cidade de Porto Novo, e estive lá no mês de Junho, de 21 a 24”, diz.
Este mês resolveu trazer “Viagem nas Tintas” para a capital do país, onde ainda existem muitos muros e casas que necessitam de pintura externa.
Desde que começou este projecto na Fazenda, na cidade da Praia, Joaquim Semedo conta que tem recebido várias mensagens de incentivo. “As pessoas estão a gostar e estou a receber cada vez mais estímulo para continuar. Já tenho convite para levar esse trabalho para algumas associações, jardins infantis e concelhos do país”.
No bairro da Fazenda, o trabalho começou no dia 8 e desde então o local tem sido uma paragem obrigatória.
“Acredito que vamos conseguir abrir a mente das pessoas com a arte e fazer com que elas valorizem, porque o que tem estado a acontecer sobretudo nesses dias em que estamos no bairro da Fazenda. É que muitas pessoas param para ver o meu trabalho”, vai dizendo.
Além de ser bonito, Joaquim Semedo confessa que este projecto é muito custoso, por isso ainda não sabe qual o bairro ou concelho que irá beneficiar desse trabalho, mas disse que não quer parar.
“Levar este projecto para outros sítios depende de muitos factores, porque este trabalho é por vontade própria e amor à arte, não tenho nenhum patrocínio, é uma iniciativa própria e fruto da paixão que tenho pela arte”, sublinha.
Levar essa iniciativa para todo o país é só o primeiro passo para o artista plástico, natural de São Lourenço dos Órgãos ser conhecido internacionalmente. “Quero expandir este projecto em Cabo Verde, para internacionalizar o meu trabalho”.
Joaquim Semedo quer com essa iniciativa promover o seu trabalho artístico. “Em Cabo Verde não há oportunidade de realizarmos muitas exposições para as pessoas conhecerem o nosso trabalho, por isso, acho que se levarmos a nossa arte para as ruas, as pessoas vão conhecer o nosso trabalho”.
“Quero fazer com que as pessoas olhem para a arte de uma forma diferente porque em Cabo Verde as pessoas não dão à arte o seu devido valor. Temos bons artistas, mas a arte em Cabo Verde ainda não é valorizada como em outros países”, comenta.
O artista plástico, que tem apresentado os seus trabalhos no país e no estrangeiro, parou de pintar os seus quadros, para poder focar neste projecto.
“Neste momento, tenho muitos quadros para expor, mas agora estou a levar a minha arte para as ruas do país. É algo diferente, porque muitas pessoas não sabem que faço pintura, apesar de já ter feito algumas exposições, mas não é suficiente para as pessoas conheceram o meu trabalho”, explica Joaquim Semedo.
Apoios
Disse que começou o projecto sem pedir apoio e continua sem pedi-lo porque o importante é fazer o trabalho sem ter que chatear ninguém, mas anuncia que está de braços abertos a todos aqueles que querem ajudar. “Esta iniciativa é muito importante, primeiro porque embeleza a nossa cidade e as localidades e também abre a mente das pessoas perante a arte”.
Neste momento, Semedo conta que está a trabalhar com uma assistente e uma outra pessoa que estão a captar as imagens das suas pinturas.
“Vou a uma rua e parede específica e começo a pintar, sem pensar em patrocínios.Este trabalho é dispendioso, mas neste momento não estou a pensar nisso. Nem estou a fazer cálculos de quanto estou a gastar, tudo por amor àquilo que faço”, indica.
Joaquim Semedo está nomeado na categoria Cultura, na primeira gala “Nos Djentis”, que será realizada pela Câmara Municipal de São Lourenço dos Órgãos. A Gala está agendada para o mês de Agosto.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 868 de 18 de Julho de 2018.