“Em termos de trabalho, a arte plástica está num bom caminho em Cabo Verde. Os artistas plásticos têm sido muito dinâmicos, batalhadores e têm apresentado grandes trabalhos. Tudo isso é mérito e esforço do próprio artista, que além de mostrar o seu trabalho, dispõe ainda de tempo para levar as artes para as ruas”, diz Leontina Ribeiro.
“Todos os artistas plásticos têm projectos virados para a parte social, para melhorar a cidadania, os comportamentos e mostrar que devemos melhorar sempre os valores e não a parte material”, indica.
Para Leontina Ribeiro a arte plástica em Cabo Verde precisa de mais apoio do Ministério da Cultura e da sociedade civil.
“As empresas podiam patrocinar mais as artes plásticas, porque têm a ver com a mudança da nossa sociedade e da felicidade dos nossos jovens, crianças e família”.
“Há necessidade de os projectos dos artistas serem financiados e apoiados quer a nível nacional e internacional. Os nossos artistas precisam de intercâmbios para poderem participar em feiras e bienais de artes”, exemplifica.
Tendo em conta a quantidade de artistas plásticos que o país tem, a pintora reclama que já é altura de termos bienais de artes. “Precisamos de residências entre artistas nacionais e internacionais. Seria uma boa oportunidade para os nossos artistas irem lá fora mostrar os seus trabalhos e receberem também os internacionais aqui nas nossas ilhas”.
Conforme disse, se houvesse mais financiamento, teriam mais trabalhos para apresentarem dentro e fora do país.
Por outro lado, disse que quando levam a arte às comunidades estão a formar novos artistas. “A arte é o caminho para a felicidade da nova geração. Temos um percurso a fazer, estamos num bom caminho e temos algumas instituições que nos apoiam, mas precisamos de mais”.
“O Ministério da Cultura, além de oferecer espaços para exposições, poderia também à semelhança daquilo que faz com a música, teatro, dança e feiras de artesanato, financiar os eventos relacionados com as artes plásticas”, indica Leontina Ribeiro.
Projecto “Colorir as Ilhas”
A artista plástica continua a levar o seu projecto social às crianças e jovens mais desfavorecidos. Na passada segunda-feira, 3, realizou um laboratório criativo na Praça Alexandre Albuquerque na Cidade da Praia, com as crianças do bairro de Fonton.
Estiveram 35 crianças a pintar os quadros nesse laboratório, onde colocaram em prática a sua criatividade e imaginação.
Este laboratório contou com a parceria da Associação Cmunitária de Fonton, da Rotary Club Maria Pia e da Câmara Municipal da Praia.
O projecto “Colorir as Ilhas”, que já está com dois anos de estrada tem ainda muito para dar.
“O projecto está a decorrer muito bem, este ano participamos na colónia de férias da Associação das Crianças Desfavorecidas (ACRIDES). Foram três semanas de diversas actividades, fomos lá para realizar oficinas de desenho e pintura e na segunda-feira, 3, estivermos no encerramento das férias escolares das crianças de Fonton”.
Depois da Cidade da Praia, o projecto estará no concelho de São Miguel, no dia 17. “Em São Miguel, vamos participar numa semana municipal de artes, organizada pela câmara municipal. Fomos convidados para ministrar oficinas de pintura nas escolas de São Miguel”.
Segundo Leontina Ribeiro será uma residência artística que vai abranger não só a parte de formação, mas também de pintura das casas e de ruas do concelho, mais concretamente na localidade de Achada do Monte, Achada Pizarra e Veneza.
O encerramento dessa residência artística culminará com uma exposição de pintura intitulada “Finkadu na Tchon”.
A exposição, que vai decorrer de 22 a 28 deste mês, é uma forma de homenagear a mulher cabo-verdiana que é a sua fonte de inspiração.
Para 2019, a artista plástica disse que está a preparar um grande projecto internacional que vai abranger também a moda, mas não quis avançar com mais informações.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 876 de 12 de Setembro de 2018.