Modelo do quadro “A origem do mundo” era uma antiga bailarina

PorExpresso das Ilhas,1 out 2018 7:17

​Um dos maiores mistérios da pintura está resolvido com a identificação da mulher retratada no quadro “A origem do mundo”, de Gustave Courbet (1819-1877), Constance Quéniaux, uma antiga bailarina da Ópera de Paris.

A revelação consta de um livro do escritor e investigador Claude Schopp, Prémio Goncourt de Biografia em 2017, que vai ser lançado no início de Outubro, em França, noticiou a agência France Presse (AFP).

Exposto no Museu d’Orsay, o quadro é mundial­mente famoso e provocador, continuando a suscitar polémica, passados mais de 150 anos sobre a sua criação. Ao longo da história muitos nomes foram avan­çados na tentativa de identificar a mulher que serviu de modelo a Courbet para esta pintura executada em 1866, por encomenda do diplomata otomano Khalil-Bey, uma figura extravagante na Paris da década de 1860.

De acordo com a investigação, em 1866, Constance Quéniaux tinha 34 anos. Não dançava desde 1859 e era uma das amantes de Khalil-Bey na cidade de cortesãs e coqueluches. Muitas destas mulheres, independentemente de serem de origens ricas ou pobres - e entre as quais figuravam muitas bailarinas - eram sustentadas, de forma forçada ou voluntária, por homens.

Como muitas descobertas, também esta é contada por Claude Schopp no livro “L’origine du monde, vie du modele” (“A origem do mundo, a vida do modelo”, numa tradução livre), que será editado a 4 de Outubro pela Phébus e resulta de um acaso.

Ao estudar a correspondência trocada entre Georges Sand (1804-1876) e Alexandre Dumas filho (1824-1895), Claude Schopp surpreendeu-se com uma transcrição de uma carta de Dumas a Sand, datada de Junho de 1871, na qual o escritor faz um discurso retórico sobre Courbet, afirmando: “Não pintamos com o seu pincel mais delicado e mais sonoro a entrevista da menina Queniault (sic) da Ópera”.

Para Schopp, a palavra “entrevista”, na transcrição não fazia sentido. “Entrevista? Isso não significa nada!”, explicou o investigador à AFP. Por isso decidiu confrontar esta transcrição com o manuscrito original que se encontra na Biblioteca Nacional de França (BnF).Para Claude Shopp, o que o autor escrevia era “interior” e não “entrevista”.

“Foi como uma iluminação”, sublinhou Claude Schopp, responsável pela descoberta juntamente com Sylvie Aubenas, directora do departamento de imagens e fotografias da BnF.

Este testemunho de época descoberto por Claude Schopp “leva a dizer, com 99 por cento de certeza, que o modelo de Courbet foi, de facto, Constance Quéniaux”, sublinhou Sylvie Aubenas à AFP.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 878 de 26 de Setembro de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,1 out 2018 7:17

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  1 out 2018 14:45

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