São de extrema importância para se perceber a história, a evolução e os personagens do palco musical no seu todo.
Há alguns anos foi-me proposto por um amigo um livro em que o autor narrava a história da música. Não haveria as tais delimitações acima referidas…apenas conta o fluir do processo evolucionista da música ao longo dos tempos e o seu enquadramento social, suas ligações e influências.
Aceitei o desafio, achando estranho o resume que me era feito.
Não foi preciso mais do que o primeiro terço do livro para ver que estava perante uma excepção, pelo menos dos livros sobre esta forma de arte, que até então me tinham passando pelas mãos.
Alex Ross, um dos maiores jornalistas e críticos musicais do New York Times, convida-nos a viajar pelo séc. XX, através da música, com o seu “O Resto é Ruido”.
A música realmente é contada…narrada. Para a percebermos, bem como a sua influência, causas e consequências, será preciso entrar num todo, onde também cabem todos os contextos sociopolíticos que acompanharam e definiram cada etapa da música contemporânea. Arriscaria a dizer que a própria história contemporânea é de certa forma contada, através da música.
Mostra-nos num dos exemplos mais destacados, como a música erudita contemporânea tem influências sobre nomes da Pop como Bjork ou até na música da dança. Cada pedaço de música tem um enquadramento social e influencia musicalmente outro fragmento. Exemplos como este multiplicam-se e a pouco e pouco, conforme acima referido, vamos tendo a sensação de viajar pelo tempo, através da música.
De realçar a capacidade de Russel, dado à sua enorme cultura musical e histórica, de tudo justificar com os mais preciosos exemplos, que parecem terem sido guardados ao longo dos tempos, e das suas preciosas críticas em vários jornais, para a elaboração deste livro.
Viagem, quase obrigatória para os amantes da música!
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 883 de 31 de Outubro de 2018.