Quadros de Tchalê Figueira retirados de exposição a celebrar a liberdade e a democracia

PorExpresso das Ilhas,14 jan 2019 14:40

Obra desaparecida de Tchalê Figueira
Obra desaparecida de Tchalê Figueira

Dois quadros do artista plástico Tchalê Figueira foram retirados da exposição a comemorar o dia da Liberdade e da Democracia, inaugurada na sexta-feira, 11, na Assembleia Nacional. Organização da mostra já pediu esclarecimentos.

Os dois quadros de Tchalê Figueira estavam entre as dezenas de obras expostas no hall da Assembleia Nacional, numa exposição colectiva organizada pela Assembleia Nacional em parceria com a Direcção Geral das Artes do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, e que tinham a liberdade e a democracia como mote.

Pelo seu teor erótico os quadros suscitaram reacção adversa entre alguns visitantes, o que terá sido o motivo para a sua retirada da exposição. Entretanto, nem o artista nem a curadoria da exposição foram informados da retirada dos quadros e até ao momento não sabem o seu paradeiro.

Na sua página na rede social Facebook Tchalê Figueira manifestou o seu descontentamento perante o ocorrido:

“É espantoso (sic) a reação de algumas pessoas sobre os meus quadros eróticos expostos numa colectiva na assembleia nacional. (…) para estes pseudo moralistas, mostrar uma obra de Arte de teor erótico é obsceno? Obsceno são as suas cabecinhas sujas cheios (sic) de tabus e religião”.

“Para mim esta é uma situação grave, de censura, que não posso admitir”, afirmou o artista ao jornal A Nação.

“Nós estamos a tentar saber o que se passou. Ninguém nos disse nada. Já enviamos um e-mail ao nosso ponto focal na Assembleia Nacional para saber o que aconteceu e onde estão os quadros”, disse ao Expresso das Ilhas Mano Preto, coordenador da logística da mostra que tem a curadoria do próprio director geral das Artes, Adilson Gomes.

Segundo Mano Preto, no processo de organização da exposição tudo correu bem e nenhum problema foi registado em relação aos dois quadros de Figueira, tendo o próprio presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, manifestado o seu apreço às obras expostas.

Vários dos artistas que participam na mostra estão a manifestar a sua solidariedade a Tchalê Figueira, embora haja também alguns  que não concordam com a inclusão dos referidos quadros na exposição colectiva.

Nas redes sociais, também está a acontecer o debate, com foco no conteúdos dos quadros, para alguns considerados obscenos, para outros apenas inapropriados para exposição naquele local e outros a defender a liberdade artística e a condenar o acto de censura. 

Na sexta-feira, pouco antes da inauguração da colectiva, Adilson Gomes explicava os critérios da selecção dos artista e das obras, dizendo que pretendiam representar diferentes gerações de pintores – uns já consagrados e outros em início de carreira – e assinalar a liberdade e a democracia enquanto valores e conquistas do povo cabo-verdiano.

Para além de Tchalê Figueira, participam na exposição que decorre até 31 de Janeiro, os artistas como Heleno Barbosa, Domingos Luisa, Nela Barbosa, Helder Cardoso, Joaquim Semedo, Omar Camilo, Dílcia Cardoso, entre outros. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,14 jan 2019 14:40

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  15 jan 2019 10:31

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