O economista guineense considera que, cinquenta anos depois da independência, Cabo Verde pode orgulhar-se de importantes avanços, mas nem tudo correu como planeado. A economia continua excessivamente dependente do turismo, um sector vulnerável e de baixa diversidade, e os grandes projectos de diversificação, como o hub logístico, o centro financeiro ou a aposta na economia digital, ficaram aquém. Para o economista, o país precisa agora de fazer escolhas estratégicas, realistas e focadas, sob pena de perder novas janelas de oportunidade. “A ideia da diversificação é nobre, mas tem que ser estratégica”, diz.
Na capa, destaque ainda para um caderno sobre o 5 de Julho de 1975. Este dia assinala o nascimento oficial do Estado cabo-verdiano – um marco histórico carregado de simbolismo e de expectativa. No entanto, uma leitura crítica desse momento inaugural exige o reconhecimento de que a independência foi acompanhada por um processo político que, embora pacífico na forma, rapidamente se organizou como um regime de partido único, centralizador e ideologicamente orientado. Esta edição traz um especial com “Marcos legislativos e institucionais”, onde se reúne um conjunto documental que propõe uma abordagem crítica desse período fundacional.
Chamada ainda na primeira página para a sessão solene que marcou o cinquentenário da independência. Os líderes políticos ressaltaram os avanços históricos do país nas últimas cinco décadas, mas também alertaram para os desafios estruturais que persistem. O Presidente da República, José Maria Neves, apelou à inspiração no passado para enfrentar um futuro incerto, defendendo uma aposta estratégica em áreas como a diversificação económica, inclusão social e capacitação da juventude. Já os representantes dos partidos políticos, embora reconhecendo os progressos, divergiram nas leituras do percurso nacional e nas prioridades para os próximos 50 anos.
Outro tema desta edição é a nova visão e modelo para o serviço militar obrigatório. O próprio nome da campanha, lançada na semana passada, já o diz: “Alista-te e forma-te para a vida”. A iniciativa insere-se na reforma em curso, que visa revitalizar o Serviço Militar Obrigatório (SMO) e que passa por uma reestruturação do Programa Soldado Cidadão, novos incentivos e reforço de parcerias com instituições de formação. Destaca-se essa vertente formativa, que procura mostrar o serviço militar não apenas como um dever, mas como uma oportunidade de qualificação e crescimento pessoal.
A edição desta semana traz ainda uma reportagem sobre um negócio em crescimento, que atrai cada vez mais consumidores, mas que é ainda uma actividade que escapa ao controlo regular das autoridades. Os chamados WaterPoints, pontos de abastecimento de água tratada a granel, estão a multiplicar-se na cidade da Praia e noutras ilhas, oferecendo uma alternativa mais barata à água engarrafada. Apesar da crescente procura, esta actividade – ainda recente no país – opera sem uma fiscalização regular da qualidade por parte da ERIS ou da IGAE, que reconhece estar numa fase de análise e sem denúncias formais por parte dos consumidores.
Na opinião, a ler: “Graduação a País de Rendimento Médio-Alto: um marco, não um destino”, de Luís Carlos Silva; “Um olhar holístico da criminalidade urbana”, de Lino Magno e “Kant e a Filosofia Crítica”, de Carlos Bellino Sacadura.