No ano passado apresentou a peça “Kodé di Dona” e este ano será a vez de “Manuel d’Novas”. “A estruturação da peça começa em Cabo Verde e quando chegar a Portugal terei especialistas que me vão dar feedback sobre o trabalho”, começa por dizer o coreógrafo.
Para Manu Preto, só foi possível criar este solo graças ao subsídio da Fundação Calouste Gulbenkian para os artistas dos PALOP para que foi seleccionado. Manu Preto avançou que neste momento está na fase de pesquisa e que no mês de Julho vai consolidar a peça nos estúdios Victor Córdon, em Portugal.
Com uma longa experiência no mundo da dança, o coreógrafo terá oportunidade de criar mais uma peça de dança onde, durante meia hora, vai apresentar a vida e obra de um dos poetas e compositores cabo-verdianos mais conhecidos internacionalmente pelas suas composições.
“Vou mostrar Manuel d’Novas como um homem de música, conhecido pelas suas grandes composições e também o seu trabalho no barco, porque ele era marinheiro”, enfatiza o bailarino.
Além disso, com essa peça pretende dar o seu contributo à candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade.
Considerado um dos mais importantes trovadores de Cabo Verde, compositor preferido por artistas como Cesária Évora, Bana, Dudu Araújo, entre outros.
Apesar de ter nascido na ilha vizinha (Santo Antão), Manuel d’Novas é considerado um filho do Mindelo, onde viveu.
Manel d’Novas ficou conhecido essencialmente pela sua postura crítica em relação à sociedade mindelense, ilha onde vivia e que o adoptou como filho. Outra particularidade do compositor era a sua escrita em crioulo cabo-verdiano.
Residência artística
“Estou a sentir-me muito feliz por ter sido escolhido para participar nesse programa de residência artística. É também um grande ganho para Cabo Verde e com isso vou incentivar outros artistas a concorrer para receber esse subsídio que é fundamental”, estimula Manu Preto.
Com esse subsídio no valor de 1.500 euros, que irá receber da Fundação, Manu Preto assegurou que vai apresentar tanto a peça “Kodé di Dona”, que fez no ano passado e também dar início à nova peça a solo Manuel d’Novas. “Manuel d’Novas” será o segundo solo e depois disso terei mais três: Cesária Évora, Jaime Figueiredo e Eugénio Tavares”.
De referir que a Fundação Calouste Gulbenkian apoia, anualmente, a mobilidade internacional de artistas naturais e residentes nos PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe), nas áreas das artes visuais, incluindo artes plásticas, curadoria e dança.
O objectivo desse programa é apoiar a participação de artistas dos PALOP em programas de residências artísticas, através da atribuição de subsídios de viagem, incentivando a sua circulação internacional.
Manu Preto disse ao Expresso das Ilhas que quando concorreu para essa bolsa procurou também um espaço para desenvolver a sua nova criação. Nesse sentido candidatou’se ao estúdio de Victor Córdon em Lisboa onde tinha desenvolvido no ano passado a peça “Kodé di Dona”.
Durante a sua estadia em Portugal Manu Preto irá apresentar a peça “Kodé di Dona” no Algarve e em Lisboa.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 895 de 23 de Janeiro de 2019.