O primeiro romance do linguista cabo-verdiano, como o título já sugere, foi escrito em crioulo cabo-verdiano e publicado em 1987, ainda antes da aprovação do ALUPEC, mas, de acordo com o autor, a obra já prova a sistematicidade do alfabeto unificado. “Devo dizer que Odju d’Agu como os textos, em crioulo, da última parte da trilogia, juntamente com o Dicionário Cabo-verdiano-Português, todos da minha autoria, são, de alguma maneira, obras que testemunham a funcionalidade, a economia e a sistematicidade do ALUPEC (Alfabeto Unificado para a Escrita do Cabo-verdiano). Nelas, e de forma sistemática, a escrita obedece a regras e a normas formuladas, reformuladas e estabelecidas no decreto-lei 67/98, de 31 de Dezembro, que aprova o ALUPEC; e no decreto-lei número 8/2009, de 16 de Março, que institui o ALUPEC como alfabeto cabo-verdiano”.
Daí que na reedição da Biblioteca Nacional, de 2009, o autor tenha reescrito a obra tendo como ferramenta o alfabeto cabo-verdiano. Mas a escrita do livro em língua cabo-verdiana obedece a um desígnio ainda maior. “Escrevi Odju d’Agu como necessidade de questionar e de descobrir as minhas próprias raízes, e de testar a capacidade literária e filosófica da minha língua materna”, explica Manuel Veiga.
O escritor justificou a terceira edição do livro agora com a chancela da Livraria Pedro Cardoso como forma de ir ao encontro da procura crescente do romance já esgotado há muito tempo no mercado livreiro.
Texto originalmente publicado na edição impressa doexpresso das ilhasnº 903 de 20 de Março de 2019.