Foi em Setembro de 2015 que Iko Ceunick, natural de Santo Antão, lançou o seu primeiro livro, “Storias di Um Sidadon Atlantiku”, um pequeno livro de bolso (formato A6), editado pelo próprio com apoio do IPC no quadro do apoio à promoção da Língua Cabo-verdiana. Os textos do pequeno livro - pouco mais de 60 páginas de histórias curtas inspiradas nas vivências do autor e reflexões temáticas diversas – foram escritos com recurso ao ALUPEC.
Esse primeiro volume da obra foi comercializado por 50 escudos e, segundo o autor, mais de 3 mil exemplares foram vendidos. Isso porque desde o início o seu desejo era de que o livro “chagasse ao máximo de pessoas, a pessoas que normalmente não conseguem adquirir livros ao preço praticado pelas livrarias”.
Daí que, conforme disse ao programa “Novas Letras” (parceria Rádio Morabeza/Expresso das Ilhas, em 2017), “ coloquei os meus livros nas ruas, com as vendedeiras ambulantes, nas lojas dos bairros, nas bombas de gasolina…” e na cadeia de super-mercados Calú e Ângela, sendo provavelmente o primeiro livro em Cabo Verde à venda em super-mercados, uma prática comum no exterior.
O sucesso desta estratégia foi tal que, em Abril de 2017, Iko Ceunick lançou um segundo volume, “Storias di Um Sidadon Atlantiku 2”, apresentado aos estudantes da Universidade de Cabo Verde (no Tereru di Amizadi) e posteriormente no centro Cultural Norberto Tavares, em Assomada, onde houve lugar à leitura dramatizada dos textos.
Vendido a 100 escudos, este segundo volume está também á venda nas lojas da Vivo Energy por toda ilha de Santiago, em papelarias, nas lojas dos bairros longe do centro da cidade da Praia, nas vendeiras ambulantes, nos quiosques de informação turística… Mas chegou também ao estrangeiro, pelo menos a França (através da Librairie Papeterie La Renaissance), Estados Unidos da América (através da loja online Mili Mila) e Bélgica, de onde é originário o pai do escritor.
Os livros de bolso, ou bolsilivros são raros em Cabo Verde. Baratos e permitindo praticidade na leitura, sendo facilmente transportados, os livros de bolso foram publicados pela primeira vez pela editora alemã Albatross Books em 1931.
Sofrendo de algum preconceito por parte de autores consagrados, de alguns leitores e livrarias, os livros de bolso são depreciados por conta de seu baixo preço (gerando pouco lucro a livrarias) e pela qualidade (material) inferior a de livros de capa dura.
No entanto, Iko Ceunink não tem dúvidas de que o sucesso de vendas dos seus livros deve-se ao facto de ser um livro de bolso, e também à sua acessibilidade e ao conteúdo em crioulo.