Morreu o escritor Luis Sepúlveda, vítima da COVID-19

PorExpresso das Ilhas,16 abr 2020 9:35

O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu esta quinta-feira, no hospital Universitário Central de Asturias, em Espanha, onde estava internado desde o final de Fevereiro, após ter testado positivo ao novo coronavírus.

A notícia é confirmada pela agência noticiosa espanhola Efe e também pela sua editora em Portugal.

Luis Sepúlveda residia em Gijón, Espanha, desde 1997, na companhia da mulher, a poetisa Carmen Yáñez.

O autor chileno apresentou os primeiros sintomas da COVID-19, apenas dois dias depois de ter marcado presença no festival literário Correntes d'Escritas, que se realizou entre 15 e 23 de Fevereiro, na Póvoa de Varzim, Portugal, relembra o Madre Media.

A confirmação de que estava infectado com a COVID-19 levou, na altura, o Correntes d’Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno.

Quem também esteve presente nesse festival foi o escritor cabo-verdiano, Germano Almeida que temeu estar infectado, depois de Sepúlveda ter testado positivo.

Luis Sepúlveda morre aos 70 anos de idade, depois de ter estado internado desde finais de Fevereiro num hospital de Oviedo, e deixa várias obras.

Obras Literárias e biografia

Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 04 de Outubro de 1949, começou a escrever ainda quando frequentava o Liceu de Santiago do Chile e aos 15 filou-se no Partido Comunista Chileno.

Em 1969, com 20 anos, publicou "Crónicas de Pedro Nadie", compilação de contos que lhe valeu o Prémio Literário da Casa das Américas.

Um ano depois conseguiu um diploma em Encenação Teatral, actividade que começou a exercer, dedicando também parte do seu tempo à política, à direcção de uma cooperativa agrícola e à locução de programas de rádio. Em 1970 casou-se com Carmen Yález. O matrimónio durou pouco tempo, mas vinte anos depois retomaram o romance que se manteve até aos dias de hoje.

Depois do golpe militar que levou ao poder o ditador general Augusto Pinochet, e face à sua proximidade do Partido Socialista, do qual era militante, e com o governo de Salvador Allende, foi preso em 1973, relembra igualmente o Madre Media.

Dois anos depois, graças aos esforços da Amnistia Internacional, conseguiu ver a pena aliviada para prisão domiciliária, mas voltou a ser preso pouco tempo depois e sentenciado a prisão perpétua, primeiro, e a 28 anos de prisão, depois.

Em 1977, novamente devido aos esforços da Amnistia Internacional, viu a sua pena ser comutada para oito anos de exílio na Suécia, onde deveria leccionar literatura espanhola. Na primeira escala em Buenos Aires, na Argentina, conseguiu fugir.

Nos anos seguintes viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu ainda no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO.

Em 1979, ingressou na Brigada Internacional Simón Bolívar, na Nicarágua. Um ano depois, foi para a Europa,  começou a trabalhar como jornalista na Alemanha  e encetou contactos a Greenpeace, com quem colaborou e participou em várias acções.

Em termos literários, duas décadas depois dos seus contos de estreia, em 1989, publicou 'O Velho Que Lia Romances de Amor'. Decorrendo no território de uma tribo índia da Amazónia, este pequeno romance, ou novela, descende directamente da militância ecológica de Sepúlveda (que integrou o grupo Greenpeace) e da sua defesa do “único mundo que temos”, como diz na dedicatória a Chico Mendes, o seringueiro e activista ambiental brasileiro assassinado no ano anterior.

O livro tornou-se rapidamente um sucesso mundial, tendo sido vendidos vários milhões de exemplares, em dezenas de línguas.

Em 1996, publicou a 'História de Uma Gaivota e do Gato Que a Ensinou a Voar' consolidou definitivamente a boa fortuna do escritor. Nesta fábula para crianças de todas as idades triunfa também a moral ecológica.

Depois de viver entre Hamburgo e Paris, em 1997 o escritor fixou-se em Gijon, nas Astúrias, em Espanha.

O reportório do escritor inclui distinções como o Prémio Eduardo Lourenço, em 2016, o Prémio Primavera de Romance, em 2009 e o Prémio Tigre Juan, em 1988 e uma bibliografia de mais de 20 títulos.

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Autoria:Expresso das Ilhas,16 abr 2020 9:35

Editado porSara Almeida  em  16 abr 2020 17:40

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