O projecto, segundo o presidente da companhia, Rubens Dias, tem como objectivo levar Estátuas Vivas para a Rua Pedonal do Platô, para mostrar que a arte deve ser valorizada também nos tempos difíceis.
“Enigma, que é um grupo de artes circenses, viu que a arte foi uma das primeiras actividades a ser encerrada e vai ser a última a ser retomada, com crise dentro do grupo por falta de projectos e encerramento de financiamento dos projectos do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC)”, afirma.
Neste sentido, optaram por elaborar o projecto de performance de Estátuas Vivas para trabalharem durante esta pandemia e lutar contra a crise económica, “sabendo que temos artistas que dependem da arte para sobreviver”.
A companhia já participou na cerimónia de abertura de várias actividades na capital do país com as suas actividades. Antes da pandemia o grupo tinha agendado vários espectáculos, que tiveram que ser canceladas, o que tem dificultado a vida dos seus elementos que dependem desse trabalho.
O grupo apresenta as suas performances às segundas, quartas e sextas-feiras, na Rua Pedonal, e no Centro Histórico do Platô, para conseguir arrecadar alguma receita.
Com a pandemia, o grupo sentiu-se obrigado a reinventar para sobreviver apresentando estátuas vivas que representam música, homem madeira e a mulher cabo-verdiana.
Além de tentar arrecadar alguma receita com as performances, o grupo quer incutir nas pessoas a ideia de que devem valorizar as artes. “O que se ganha com o projecto não é muito, mas é melhor do que nada, pois as pessoas têm estado a contribuir com alguma coisa”.
Na Cidade da Praia é algo novo, mas na ilha de São Vicente as estátuas vivas saem à ruas, por ocasião do Festival Mindelact.
Quanto à reacção das pessoas, Rubens Dias assegura que “as pessoas estão a gostar do novo projecto novo. Muitos nunca tinham visto estátuas vivas. No início, muitas pessoas ficaram assustadas e surpreendidas. É um desafio e estamos a gostar muito pois também é divertido”.
O projecto é para continuar, segundo o responsável da companhia.
Mudança
Rubens Dias explica que com a pandemia da COVID-19 muita coisa mudou. “Somos uma associação já com quase uma década a fazer arte Circense. Tínhamos como meta para 2020/2021 apostar na criação da Escola de Circo formação, mais emprego e apostar em jovens. Deixamos de ensaiar, estamos sem espaço”.
Lição com a crise
Com a crise, diz que se sentiu triste porque a arte está a ser abandonada. ”Éramos um grupo que actuava em quase todos os palcos, mas somos muito pouco valorizados pelos nossos governantes. Sabendo que vivemos da arte, como vamos viver sem trabalho, sem projectos e sem escola de circo? Temos que nos valorizar e sermos unidos”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 975 de 5 de Agosto de 2020.