Este filme, segundo a cineasta, relata vivências e performance de pessoas LGBTQI em Cabo Verde. E, com esta campanha, o projecto do filme está a concorrer aos financiamentos também internacionais.
O título do filme, conforme escreve Lolo Arziki na sua página do Facebook, é uma forma de mexer com o sistema de opressão machista.
Residindo entre Lisboa e Luxemburgo, esta cineasta quer mostrar esse projecto em Cabo Verde e na África.
“O filme tem uma proposta muito interessante a nível de imagem e faz-nos saber um pouco sobre as vivências LGBTQIA+. Não esperem um filme apenas sobre dores e rejeição. É isso e muito mais que constitui uma pessoa. Vai ser produzido pela produtora Kori Kaxoru Films, que tem trabalhado a questão da identidade de Cabo-Verde”, disse a cineasta numa entrevista ao Gerador.
Lolo Arziki conta que criou o projecto “Sakudi” na diáspora. “Quando vim viver para Luxemburgo, conheci um movimento muito interessante da comunidade Queer negra e tive contacto com a comunidade noutros países como a França. Comecei a escrever o “Sakudi” através do conhecimento dessas comunidades negras da diáspora. O objectivo é que seja um projecto amplo, uma série de documentários que começa em África e que depois venha para a diáspora”, avança.
Sakudi
O filme retrata a vivência de seis personagens: Patrícia, uma mulher transexual que é muda e explora outras formas de comunicação; Vanisa Tomlinson, bissexual que vive o conflito da sua sexualidade e crenças religiosas; Fábio Silva que conta o viver na periferia sendo gay; Maya Neves, uma jovem com uma promissora voz na música em Cabo Verde; Ima Tavares, uma trans em transição que sai do conflito entre a sua identidade, a perda dos seus pais e a transfobia no contexto familiar e social; termina com uma história de amor de Elis e Idânia, um casal de lésbicas.
“Sakudi pretende desmistificar o nosso imaginário de representação do Queer negro contando esta história de uma forma contemporânea sendo um documentário experimental”, indica.
Lolo Arziki é licenciada em Cinema pelo Instituto Politécnico de Tomar e tirou um mestrado em Estética e Estudos Artísticos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1001 de 3 de Fevereiro de 2021.