Leão de Pina fez esta declaração à Inforpress, à margem do lançamento da obra “Cultura Política, Valores Cívicos e Cidadania Democrática: entre a adesão formal e o embaraço cultural”, que aconteceu na Biblioteca Nacional.
Conforme apontou, esta é uma obra de teor académico, resultado de uma investigação científica em que “a preocupação global é com a vida democrática” em Cabo Verde, através da perspectiva da cultura política, dos valores cívicos e da cidadania democrática.
Explicou que a intenção foi perceber numa perspectiva mais descentralizadora da análise política, “focando naquilo que é a cultura, os valores”, os sentimentos que o cidadão comum cabo-verdiano tem cultivado e absorvido no que concerne ao sistema e à vida democrática.
“Especialmente, concerne aquilo que seria seu conhecimento, as atitudes que tem na sua relação com os actores e instituições políticas, mas também com a sociedade civil”, assinalou o investigador.
Partindo desse pressuposto, Leão de Pina avançou o autor da obra, “percebe-se visivelmente o robusto da democracia em Cabo Verde”, fruto da assunção das normas, valorização de princípios ligados ao voto e a alternância política.
Entretanto, revelou, analisando um conjunto de aspectos que têm a ver com a vida do cidadão comum no seu quotidiano, na sua relação com os sistemas político democrático, especialmente a forma como ele vê, “há um lado mais deficitário” da cultura política e cívica nacional.
“A hipótese de conclusão é que temos uma democracia robusta do ponto de vista institucional, mas ainda é muito frágil do ponto de vista da cultura cívica, da participação regular dos cidadãos”, atestou.
A obra faz uma descrição e análise das tendências dominantes da cultura política nacional e a indicação de algumas das suas implicações para o reforço da sociedade civil, a inserção dos cidadãos na esfera pública e a consolidação da cultura cívica, no quadro do sistema político democrático.
O trabalho resulta de um estudo levado a cabo pelo autor, Leão de Pina, e que lhe valeu o Prémio Nacional dos Direitos Humanos e Cidadania, em 2011, na categoria de Melhor Estudo Científico.