“Hip hop crioulo e estigma” em conversa aberta em Santa Cruz

PorExpresso das Ilhas,15 nov 2021 11:38

O Concelho de Santa Cruz promoveu este fim-de-semana uma conversa aberta sobre “hip hop crioulo e estigma”, proferida pelo edil Carlos Silva e o rapper Hélio Batalha, e moderada por Galileu Tavares, que contou com a participação dos jovens da localidade.

Lázaro Semedo, director de gabinete de cultura e turismo da Câmara Municipal de Santa Cruz, recorda que já há dois anos consecutivos o município está a celebrar dia mundial de hip hop, com a mesma temática. A diferença, esclarece, é que no ano passado o tema foi “hip hop e estigma” e este ano, sob o tema “hip hop crioulo e estigma”, o foco foi colocado nos cabo-verdianos.

“Para divulgar e promover ainda mais o rap e o hip hop a Câmara Municipal pretende ‘pegar de base’, dando formações que vão desde a cultura musical até “hip hop e estigma”, preparando as pessoas para o mercado musical”, aponta Lázaro Semedo.

Em conversa com o Expresso das Ilhas, o rapper Hélio Batalha realçou que o hip hop é um movimento internacional, cultural, que preza a paz, o amor, a liberdade, e tudo que engloba a arte humana. Neste sentido, mostrou-se feliz por Câmara Municipal de Santa Cruz ter promovido o género musical que muitas das vezes é discriminado.

“É bonito ver actividades com jovens que absorvem e trocam conhecimentos sobre hip hop e é sempre importante levantar a bandeira do rap e hip hop”, regista.

Questionado sobre os actuais desafios do hip hop criolo, o artista aponta que falta “abraçar” as mulheres no movimento hip hop, ter mais apoio das organizações, informar a comunidade e fãs sobre o que de facto é a cultura hip hop e a diferença com o rap.

Do ponto de vista de Hélio Batalha, uma das diferenças existentes entre os dois géneros musicais é que o rap é um movimento oficial que se encontra dentro do hip hop, e este, por sua vez, é um movimento cultural que abrange outras facetas, tais como Djs, dança e graffiti.

O rapper Hélio Batalha reforça que “a partir do momento em que existe uma comunidade que ama e cultiva a cultura hip hop pode-se considerar que há um pilar forte ”.

Para Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Carlos Silva, hip hop surgiu para defender a camada mais desfavorecida e vulnerável, zelar pela justiça e melhorias de condições de vida, com objectivo de lutar e batalhar para igualdade social e uma boa integração.

Neste sentido, o edil deixou um apelo para os artistas do rap, que é o de levantar a questão do não cumprimento de horários na música, com objectivo de sensibilizar as pessoas sobre a importância da pontualidade, antes que se torne uma cultura já que é considerada um hábito.

Hélio Batalha por sua vez, salienta que todos os rappers deram importantes contributos para a consolidação e valorização do hip hop crioulo, e que o género rap tem que ser feito para a cultura permaneça viva e não enfraqueça.

“Temos actualmente um rap mais respeitado que pode ser tocado em festivais, participar em outros grandes eventos”, aponta, dando como exemplo o empossamento do novo Presidente da República, no qual participou.

Pzaiko, um dos jovens rappers santa-cruzenses, presente na conversa aberta, disse que hip hop crioulo está num nível mais evoluído, com artistas inovadores, que fazem uma mistura entre rap e outros géneros musicais, como é o caso do Thairo Kosta que fez uma mistura de finason com rap.

“O hip hop também tem retratado, actualmente, temas de auto-ajuda, de elevação de auto-estima, dando motivação e inspiração”, observa.

O jovem músico apela aos rappers para fazerem o trabalho com amor, para terem cada vez reconhecimento, e a não ficarem parados. Espera ainda que eventos do tipo sejam cada vez mais realizados e que haja mais participações dos jovens, para haver mais interacções e se encontrar uma forma de ajudar uns aos outros, destacadamente os que estão no início de carreira e com receio de apresentar os seus trabalhos.

Hélio Batalha acredita que o hip hop crioulo ainda não tem reconhecimento internacional, porque ainda é um género musical com pouco djs, grafitters e focalizado mais em rap.

“Precisamos trabalhar mais para que o hip hop criolo, daqui a 10 ou 20 anos, tenha reconhecimento internacional, porque, hoje, temos foco em comunidades e países como Estados Unidos. Para que o hip hop crioulo tenha reconhecimento internacional tem que ser algo que abranja outras latitudes” explica.

Para finalizar, Hélio Batalha deixou uma mensagem para os rappers, que é a de trabalhar para chegar a alto nível, e sonhar em ter feat com rappers internacionais da França, Estados Unidos, Alemanha, Senegal, África do Sul e Nigéria. Para isso, tem que haver trabalho, com mais força e criação de estruturas.

A Conversa aberta sobre “hip hop crioulo e estigma” teve lugar este sábado, 13, em Cruz Monte Vigia, na Cidade de Pedra Badejo e foi realizada pela Câmara Municipal de Santa Cruz através do Gabinete de Cultura e Turismo.

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Autoria:Expresso das Ilhas,15 nov 2021 11:38

Editado porAndre Amaral  em  15 nov 2021 16:45

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