“Ckcratea significa Comunidade Krioula, criadora da atmosfera de elegância e autoestima, que trabalha para um senso estético apuradíssimo, para o reforço da beleza masculina e feminina cabo-verdiana”, explicou Artur Cardoso, numa entrevista por escrito ao Expresso das Ilhas.
Artur Cardoso, um dos mentores do projecto, garantiu que Ckcratea é um movimento de moda urbana cabo-verdiana ainda em fase de crescimento.
Tem como objectivo essencial a promoção dos valores da elegância, associados aos valores sociais de cidadania, “para uma sociedade interiormente forte e capaz de se apresentar e criar novas influências, através da moda, da oportunidade de partilha, da troca de experiências num resgate permanente de estilos numa constante quebra de padrões.”.
O projecto tem também o objectivo de salientar a beleza masculina e feminina cabo-verdiana e levar aos bairros, às ruas, às comunidades, às escolas, as cores, as misturas numa lógica inclusiva e tecedora da originalidade.
“Esta afirmação da beleza é mundial, podemos encontrá-la na África de Sul, na República Democrática do Congo, em França, na América, denominados: Dandysmo, Sapeurismo, AfronaDandies, e em muitas outras regiões que já existem em diferentes conceitos, e não é necessário pertencer a nenhuma classe de nobreza. O cabo-verdiano é um povo naturalmente belo, nessa consciência estamos trabalhando o nosso conceito nacional da Ckcratea”, acrescenta Artur Cardoso.
Reacções
Sobre a reacção das pessoas sublinhou que tem sido boa. “As reações das pessoas têm sido sempre de muita surpresa, encantos, risos e paragens, ou seja, as pessoas param para ver e apreciar, afinal todos queremos brilhar e aparecer bem na nossa imagem social”.
“Percebese que muitos gostariam de se apresentar dessa forma, mas poucos têm essa coragem, factores culturais, que podemos ultrapassar com o tempo. Dizem que a tal apresentação lhes remete a recordação dos familiares de outras gerações, o que nos revigora confirmando a ideia de que realmente estamos dando continuidade a uma imagem muito familiar aos caboverdianos, embora em um contexto diferente”, reconhece.
O mentor do projecto afirma que não é difícil encontrar esses tipos de vestuários em Cabo Verde. “As peças abundam no mercado caboverdiano, nos chamados “Yá e Móia”, no Sucupira, por exemplo, e são acessíveis”.
Por outro lado, frisou que um grande desafio é que as peças que se encontram nas feiras, “são na maioria das vezes de tamanhos maiores, por isso sofrem alterações nas mãos dos alfaiates cabo-verdianos e outros africanos residentes na Praia, adaptando-as ao nosso próprio estilo e tamanho”.
Isso faz da Ckcratea recicladora de peças de roupas, “dinamizadora da economia local e promotora de rendimento das famílias”.
“Para colmatar as faltas e promover um mercado nacional mais estimulante, estamos no processo de solidificar a marca Ckcratea e criar uma linha de roupa e acessórios, criar parcerias com agências de costuras nacionais e internacionais, para responder aos novos gostos e preferências, mas sempre na ideia de que a Ckcratea é muitos mais do que vestir, é gostar de si, é cuidar de si, contagiar a sociedade com beleza e fazer brilhar a presença o homem moderno”, explica o promotor.
Ckcratea, conforme explicou, pretende crescer, com a adesão de mais elementos. “No início do projecto, estava crescendo com aproximadamente 20 elementos, em poucos meses, com desfiles frequentes e com sessões de fotos, indicadores reais de que o projeto pode evoluir”.
Artur Cardoso avançou que estão a trabalhar fortemente na nova fase do projecto, com ambição de crescer e realizar grandes eventos da moda urbana em Cabo Verde e estar activo no mundo da moda, para promover a beleza de dentro para fora e estimular a autoestima.
“Estamos abertos para a retoma das dinâmicas, de desfiles, sessões de fotos, e intercâmbios. Estamos também marcando muita presença nas nossas páginas das redes sociais”, anunciou.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1054 de 9 de Fevereiro de 2022.