O seu contacto com a música foi desde o tempo em que estudava no liceu. “Estava no liceu e comecei a ter contacto com a música através de um colega que me apresentou alguns trabalhos e acabei por gostar e a identificar-me com os temas”.
Mas desde início a sua paixão foi o Rap, onde ainda continua com trabalhos discográficos e shows em vários palcos nacionais e internacioanis. “Lembro-me que demos o nosso primeiro passo em 2010, num concurso de hip hop que foi realizado nos Picos, em São Salvador do Mundo, interior de Santiago, onde resido”.
Nesse concurso, conta o jovem, não conseguiram passar e no ano seguinte foram participar novamente no mesmo concurso e desta vez ganharam. Só que na altura, revela, não lavavam a música muito a sério, “não era nada sério, era simplesmente algo que gostávamos e estávamos a fazer por gosto”.
Depois disso, ele e o seu colega que está actualmente em Luxemburgo resolveram fundar o Trakinuz. “Ele teve que ir para fora do país e fiquei com o Trakinuz”.
“A partir de 2018 retomei a minha carreira a sério, mas continuei com o mesmo nome, em homenagem à família e porque represento muitas pessoas, por isso não achei justo torná-lo em algo individual”, explica.
Em 2018, o jovem artista colocou no mercado o seu primeiro EP intitulado “Sonhuz ta Kontinua vivu”, depois que terminou os meus estudos superiores. “O meu primeiro EP deu-me uma visibilidade maior, porque toda a base que tenho hoje é graças a esse trabalho”.
Foi um EP de sete músicas, e “com esse trabalho consegui uma abrangência maior, consegui realizar vários shows em praticamente todas as ilhas, participei em quase todos os festivais de música de Cabo Verde e fiz turnés pela Europa e Brasil”.
Álbum
O jovem artista está a preparar o seu primeiro álbum intitulado “Rapacinhu di Fora” e neste sentido já lançou três singles e um deles é “Judite”, que está na boca do mundo, ao ser coreografado pelos dançarinos da cantora Beyoncé, Aisha e Sakis, em Los Angeles, nos EUA.
“É um espectáculo, estou surpreso, porque são coisas que não pensamos por mais que sonhemos alto e acreditamos, mas nunca esperas que os nossos trabalhos vão tão longe assim. A partir do momento em que tornas um trabalho público, nunca conseguimos ter a ideia da dimensão que ele pode tomar”.
Sobre “Judite” disse que é um tema com estilo diferente daquilo que tem feito. “É algo que não estou habituado, as pessoas ainda não me tinham visto nesse registo, mas além de Judite terei mais algo diferente neste álbum, mas que ainda não posso revelar”.
Além de “Judite”, Jailson Correia tem um outro tema intitulado “Midjor Amiga”, que fez em parceria com o artista Denis Graça. “Foi algo muito simples, gosto do processo natural das coisas”, afirma.
“O Denis Graça é um artista que desde criança gosto da sua forma de trabalhar e tive oportunidade de o conhecer pessoalmente. Então surgiu a ideia de gravar um tema com ele. Falei com ele e ele aceitou numa boa, de seguida enviei a música e ele gostou e daí foi só trabalho. Até que o resultado foi o que deu. Foi espectácular”, confessa.
Para o jovem artista, o seu primeiro álbum será basicamente um trailer, “tipo um filme, então optamos por lançá-lo música a música. E todas as músicas têm uma ligação com outra. No mês de Novembro do ano passado (2021), saiu “Nha Titiu”, depois disso veio “Midjor Amiga” e agora “Judite” e no próximo tema que vai sair ficará mais evidente a ligação entre essas músicas”.
Além do álbum, o jovem artista falou que está com alguns projectos sociais, mas que sobre esse assunto não gosta muito de falar. “As minhas coisas estão meio em segredo, a maioria das coisas que faço é para eu e a pessoa que faço e para a comunidade e Deus. Não gosto de divulgar os projectos sociais que faço”.
Mas durante a pandemia Trakinuz fez a doação de 250 quilogramas de arroz à Câmara Municipal de São Salvador do Mundo. “Fiz essa doação porque achei necessário, porque a pandemia foi uma novidade para todas as pessoas, e todos nós sabemos que a maioria da população do país é infelizmente pobre, sobretudo a população do meio rural”.
“Então, com todo aquele susto, muitas pessoas ficaram em casa sem trabalho, e como não é toda a gente que tem um salário fixo, então era algo que achei que no momento era necessário. E como no momento estava numa situação mais confortável, então decidi ajudar. Acredito que a ajuda que demos de certa forma acabou por contribuir de alguma forma”, sublinha.
Por outro lado, disse que a pandemia o afectou muito, porque “em 2019 foi um ano muito bom, mas 2020 se calhar era o meu melhor ano, porque já tinha muitos shows agendados e era o ano que estava previsto o lançamento do meu álbum. Mas com a pandemia tivemos que parar com tudo, ou melhor, fomos obrigados a parar com tudo e reorganizar as coisas de novo”.
Em relação aos shows disse que está com uma agenda cheia, tanto no país como na diáspora.
Sonho
Trakinuz conta que o seu sonho a longo prazo é lançar o seu álbum e solidificar a sua carreira musical, “torná-lo o mais firme possível, e continuar a ter oportunidade de fazer e de compartilhar aquilo que gosto com as pessoas”.
Além disso, o jovem artista almeja pisar alguns palcos nacionais como o Festival de Santa Maria, na ilha do Sal e Baía das Gatas, em São Vicente.
Trakinuz é um dos artistas nacionais que vai estar este ano no palco do Atlantic Music Expo (AME), que acontece de 13 a 16 de Junho, na Cidade da Praia.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1066 de 4 de Maio de 2022.