Segundo indica o Centro Cultural de Cabo Verde, em Portugal, o artista pretende estimular a nossa memória com temas conhecidos do repertório musical nacional, que fazem parte da memória colectiva dos cabo-verdianos dentro e fora do país. “Quem não conhece a famosa música `Boas Festas`, do mestre Luís Morais, que invade as rádios nacionais no mês de Dezembro. Música esta que, para quem vive na diáspora, transporta-nos à nossa terra e traz as memórias das festas de Natal e do Fim de Ano. Mito Elias vai homenagear esta e outras músicas de uma forma criativa e original”.
Este trabalho, conforme a mesma fonte, é uma intervenção poética dedicada ao repertório instrumental da discografia cabo-verdiana. E é uma forma de homenagear poeticamente algumas sonoridades que povoaram a nossa infância através de alguns programas de rádio e das memórias da banda municipal.
“Este exercício poético está intimamente ligado a um formato recorrente no universo Jazz que se chama `Vocalizo`, que significa dar letras a trechos instrumentais ou simplesmente dar palavras aos solos dos instrumentos e articulá-las em forma de canto”, explica.
A mesma fonte indicou que este espectáculo pretende emprestar palavras a alguns temas instrumentais bastante conhecidos do repertório musical cabo-verdiano e também oferecer musicalidade a alguns escritos dos poetas cabo-verdianos mais conhecidos.
Na mesma linha sublinhou que um dos principais objectivos deste exercício é a criação de propostas de letras e incentivar o “Vocalizo” como um estilo, que também pode ser utilizado na música cabo-verdiana.
“O cerne desta performance será a revisitação do disco Boas Festas, obra charneira na carreira de Luís Morais e da discografia cabo-verdiana. Esta abordagem será celebrada de forma criativa e original, onde alguns temas do disco serão cantados através de poemas vocalizados especialmente para ornamentar as músicas que só são conhecidas pelo seu instrumental”, conta.
“Em Setembro deste ano faz 20 anos que o mestre Luís Morais deixou de estar fisicamente entre nós, de forma que este será o momento oportuno para lhe prestar homenagem exaltando a sua genialidade, que em nós permanece através das sonoridades do disco Boas Festas, obra maior que nunca sai de moda e será sempre intemporal. Este disco está associado ao universo festivo e à quadra natalícia, o que lhe confere o estatuto de Christmas Carol made in Cabo Verde. Boas Festas será provavelmente o melhor disco instrumental da discografia cabo-verdiana, talvez um dos discos mais conhecidos pelos ouvintes e melómanos em Cabo Verde, por ser aquele que tocou todos os anos em Dezembro, nas nossas estações de rádio ao longo de mais de 50 anos”, realça.
Nascido na cidade da Praia, Mito Elias é um artista multifacetado e multidisciplinar. Estudou arte na Arco – Lisboa, entre 1989 e 1992.
Vive e trabalha na Diáspora desde 1989, desenvolvendo uma linguagem imagética original que consiste na procura de tradições e contos orais crioulos, um estilo simbiótico entre lavagem, escrita e multimédia, a que chamou “Mare Calamus”.
Vive em Melbourne, Austrália, desde 2013, trabalhando como Tutor de Artes Visuais na FCAC e actualmente dirige o Fandata Studio, um espaço workshop em Sunshine, West Melbourne.
Desde 1983 que Mito Elias tem apresentado regularmente as suas exposições, trabalhos desenhados, pintados, escritos ou gravados em vídeo, viajando por todos os cantos do mundo.
Está representado em muitas exposições em todo o mundo, merecendo uma menção especial as seguintes: Banco Mundial (EUA); BNU (Macau, China); Museu Afro Brasil (São Paulo, Brasil); Governo Regional da Região Autónoma dos Açores (Portugal); Presidência da República de Cabo Verde; Embaixada de Cabo Verde em Lisboa; e Conselho das Comunidades Étnicas de Vitória (Austrália).