Mal a jovem cantora subiu ao palco, o público desatou a correr à procura de um lugar mais próximo ou do melhor ângulo para ver a performance desta que era uma das artistas mais esperadas da noite.
E Soraia Ramos retribuiu com temas do seu repertório, que fazem sucesso actualmente, desde o “Não dá Ah, Ah”, passando pelo “O Nosso amor” e “Bai”, enquanto o público respondia euforicamente entoando cada refrão, protagonizando um diálogo entre o palco e a plateia.
“Soncente é sabe pa c…” respondeu no final do espetáculo a cantora, já contagiada pela energia dos sanvicentinos, que devolveram com uma explosão gritos e aplausos, para depois dançarem ao ritmo do “Bu Na Bali Nada”, um dos grandes sucessos e que levou Baía à êxtase, ao mesmo tempo que o público protogonizava um show de luzes com os telemóveis.
“Foi uma actuação incrível”, assim descreveu Soraia Ramos ao falar da sua primeira actuação na Baía das Gatas, que segundo a cantora tem “um dos melhores públicos” em Cabo Verde.
“Sabia que o público de São Vicente era louco, mas não sabia que tinham tanta energia. É a minha primeira vez na Baía como púbico e como artista e foi uma honra representar Cabo Verde neste festival é sem dúvida que foi um dos melhores públicos que eu tive em Cabo Verde”, disse a artista, destacando a “energia do público” que cantou as suas músicas e a ajudou a fazer um “show inesquecível”.
Da ala masculina, Djosinha foi quem aqueceu o público com o seu carisma e espontaneidade, características que marcam a sua atuação em palco.
É que, apesar dos seus 81 anos e de estar a completar 70 anos de carreira, a jovialidade de Djosinha sempre esteve presente nas músicas, na sua dança e na forma como interagiu com o público.
O cantor, que encerrou o quarteto de vozes masculinas após uma viagem pela música tradicional protagonizada por Toi Pinto, Jorge Sousa e Leonel Almeida, mostrou-se satisfeito por voltar à Baía das Gatas, dez anos depois da sua última actuação.
“É uma grande satisfação para mim cantar na Baía das Gatas depois de muitos anos, porque lembraram que estava a fazer precisamente 70 anos de carreira e que eu poderia ser convidado para estar hoje aqui. De forma que eu dei o meu ‘best’, a única coisa que eu poderia”, declarou
Aliás, a música tradicional cabo-verdiana foi o prato forte deste primeiro dia, ocupando cerca de três horas do festival, que arrancou com cerca de uma hora de atraso.
O toque de arranque desta maratona aconteceu com a cantora Tchicau, a primeira do quarteto de mulheres previstas para dar o arranque.
A artista, que se estreou no festival, disse ter se sentido como se fosse uma rainha ao concretizar o sonho de cantar neste que é “um dos melhores festivais de Cabo Verde”.
Seguiu-se Aline Frederico, depois Carmen Silva que fez uma incursão pela música tradicional passando pela ‘world music’.
Para encerrar o quarteto, de mulheres, Cremilda Medina entrou a cantar “Porton di Nôs ilha”, passou por “Saiona de 20 Óne” e conseguiu fazer com que o público que se encontrava nas proximidades do palco, sobretudo alguns jovens, respondesse em coro.
Quando faltavam 20 minutos para às 01:00 entrou Manú Lima e os Cabo Verde Show que lembraram temas como “Milena”, “Sima Sima” e “Teteya”, que marcaram os anos 80, entre outras músicas e que ainda continuam a impactar.
O encerramento do primeiro dia do festival coube aos rappers portugueses do grupo Wet Bed Gang, que depois da actuação de Soraia Ramos ficou com a responsabilidade de manter a fasquia alta, sobretudo junto da camada jovem, que, fugindo ao habitual, fez da sexta-feira “o seu dia D” para o festival.
Não há registos de ocorrências quer na Baía das Gatas, quer na estrada, de acordo com as autoridades.
Hoje, o festival da Baía das Gatas promete mais música com os artistas Ari Kueka, que abre, seguido de Ceuzany, Gai, Constantino Cardoso, Anísio, Nenny, Loony Johnson e por último Julinho KSD.
No domingo, a abertura da 38ª edição do festival, em homenagem aos cabo-verdianos “um povo resiliente”, está prevista para acontecer mais cedo. Vão cantar Edwin Vibez, Gillo, Yuran Beatz & Kré SK, e Tiago Silva, Hilár e Dieg, para além da dupla de cantores santomenses Calema, do cantor Djodje e da banda de reggae Morgan Heritage, que vai encerrar o festival.